Três dos seis procuradores que integram o núcleo da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) pediram demissão nesta sexta (26), por divergências com a gestão Augusto Aras e com a subprocuradora-geral Lindora Araújo. O fato que precipitou a saída foi uma suposta ‘diligência’ feita por Lindora na sede do Ministério Público Federal em Curitiba quarta e quinta-feira (24 e 25), segundo acusou o chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol com o apoio dos demais membros do grupo.
Pediram demissão os procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely. O grupo era responsável pela condução de inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado no Supremo, além de atuar em habeas corpus movidos na Corte em favor dos investigados e a negociação de delações premiadas. Um deles, Hebert, atuava no inquérito que apura interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF.
O Contraponto noticiou mais cedo que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba enviou ofício a Aras e à corregedoria da PGR acusando a subprocuradora Lindora, braço-direito de Aras, de ir à sede do Ministério Público Federal do Paraná para consultar arquivos que originaram a Lava Jato, em 2014. No documento, os procuradores alegam ‘estranhamento’ gerado pela ‘busca informal’ de dados e o uso do nome da corregedoria do MPF. Lindora estava especialmente interessada num sistema de gravações telefônicas utilizado pela Lava Jato de Curitiba.
O ofício presta ‘informações sobre reuniões e atos realizados pela excelentíssima subprocuradora-geral da República Lindora Maria Araújo’, nos dias 24 e 25 deste mês, ‘em que se buscou acesso a informações, procedimentos e bases de dados desta força-tarefa em diligência efetuada sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalização ou escopo definido’.
À noite desta sexta-feira (26) a PGR publicou nota oficial em que confirma que “a subprocuradora-geral Lindôra Araújo, na condição de coordenadora da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), realizou visita de trabalho à Força-Tarefa Lava Jato em Curitiba”, mas acrescenta que “desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas nos estados, que atuam de forma colaborativa e com base no diálogo. Processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná têm relação com ações e procedimentos em andamento no STJ”.
Na nota, a PGR diz “estranhar a reação dos procuradores [de Curitiba] e a divulgação dos temas, internos e sigilosos, para a imprensa.”
Interessante que não tiveram a mesma reação, quando o doleiro denunciou as propinas de 50 mil dólares, para um certo procurador e seus “filhotes”!
Isto ocorre por perda de objeto da operação Lava-jato.