A carta de despedida do ex-secretário da Segurança Wagner Mesquita, publicada neste Contraponto, vem sendo objeto de leitura com lupa por alguns membros da velha guarda do setor. Eles fazem, primeiro, uma observação genérica: o texto da carta passa a impressão de que, antes de Mesquita, a secretaria nem existia. Passou a existir depois que ele a assumiu logo após a queda de seu antecessor, Fernando Francischini, defenestrado após ter comandado o massacre do Centro Cívico, em 29 de abril de 2015.
Outro ponto objeto da lupa dos críticos foi aquele em que Mesquita disse ter recebido “uma secretaria de segurança endividada, em crise, sem viaturas nem armas, sem atividade de inteligência operacional, criticada pela sociedade e com baixa moral, e entrego instituições policiais respeitadas, profissionais, bem vistas pelo povo paranaense e reconhecidas em todo o Brasil.”
A observação que fazem: Mesquita recebeu a secretaria de seu principal mentor, Francischini, que impôs seu nome a Beto Richa sob não tão veladas insinuações de que estaria disposto a colocar no colo do governador toda a responsabilidade pelo massacre. E que a condição para não fazer estrago político maior na biografia do governador seria a nomeação de Mesquita para substituí-lo.
Conclusão dos observadores veio em forma de pergunta: a “esculhambação” que encontrou na Segurança ele herdou do amigo e protetor Fernando Francischini?