Maringá é uma festa

(por Ruth Bolognese) – A cidade que revelou ao mundo o juiz Sérgio Moro, o deputado Ricardo Barros e a importância de uma Ford Ranger cabine dupla para o status social, encontrou uma maneira local de mostrar que educação é tudo.

As formaturas milionárias dos alunos da Universidade Estadual e das demais faculdades pontuam na vida das famílias de toda a região Noroeste como um evento tão ou mais especial do que os casamentos.

Minha cunhada Marciele, casada com o caçula, Daniel, festejou nesse sábado a graduação em Nutrição no Unicesumar e, com mais uma penca de formandos , mostrou porque a Cidade Canção não conhece crise. E nem dá a menor bola para aquela parábola de que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico…

Maringá é uma festa. E chamar de Festa Ostentação não é ironia de mortadela. A ideia é exatamente esta.

No mais tradicional e conhecido endereço de eventos da cidade, o Moinho Vermelho (lustres dignos de Versailhes), a festa começou com um jantar às 20 horas e prosseguiu até às 6 da matina.

A abundância do buffet , com queijos maiores do que o aro de uma bike 16, só se comparou à profusão de bebidas, espalhadas em balcões pelo salão servindo drinks de todas origens e ideologias: da vodca russa aos mojitos cubanos, do uísque do Tennessee às cervejas alemãs.

Para evitar brigas e vexames, o segredo dessas festas é distribuir bebidas e comidas em tal volume e frequência que ninguém estraga o clima exagerando no álcool. Exagera-se (muito) nos dois e pronto.

As mulheres – e sem qualquer parcialidade de gênero – desfilaram beleza, curvas, bumbuns, decotes, coxas à mostra e cabelos, ora presos em esculturas complexas, ora soltos e tão longos que chegavam a rivalizar com a barra da saia. E brilhos e paetês em cores variadas e tecidos finos que, num leilão, o dinheiro daria para arcar com as despesas do acampamento pró Lula em Curitiba até o cumprimento da pena.

E a certeza absoluta: toda maringaense é equilibrista desde criancinha para subir o degrau de 20 cm de um salto fino e lá permanecer por 7, 8 horas dançando, quase sempre até o chão.

De Maiara e Maraísa a Pablo Vittar , de Jojô Todinho a Ludmilla, a banda Santa Mônica, nascida e ensaiada em Floresta, aqui pertinho, não se contentou em soltar o som. Fez um show de luzes, figurinos e decibéis que o cérebro viciou no repeteco do “sorte que ‘ce beija bem’ e não largou até agora.

E no baile, mesmo mantendo a distância regulamentar dos balcões de bebidas, até uma jornalista de jeans, mas de salto alto, acaba dançando “Despacito” na pista lotada com um coração de plástico fosforescente pendurado no pescoço. E gostando.

Maringá é uma festa!

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