Quando um país dá ouvidos e leva a sério a candidatura à presidência da República de um outsider como Luciano Huck, é sinal de prosperidade de sentimentos muito negativos: o Brasil está mesmo no fundo do poço da desesperança e da descrença nas alternativas que a política tradicional apresenta. Huck já frequenta pesquisas com boa pontuação e é até paparicado por partidos interessados em tê-lo como candidato.
Huck já passou a ser visto como legítimo representante do pensamento liberal, tão longe das facções de esquerda quanto das correntes que namoram drásticas soluções militares. Setores da grande economia nacional, levados pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, já se reúnem com o apresentador global, embora, por falta de ideias, Huck mais ouça do que fale.
É certo que o animador da Globo nos sábados à tarde, com o seu “Caldeirão do Huck” é capaz de fazer felizes alguns brasileiros que veem transformados em reluzentes carros suas “latas velhas”, mas entre este feito curioso, que recebe aplausos patéticos e ganha admiradores, e a capacidade de transformar o pobre Brasil em país próspero vai uma larga distância.
Pobre Brasil.
Prega os mesmos valores velhos e vagos, a mesma retórica vazia de mudança, renovação, etc.
Oportunista, fez o artigo logo depois que Aécio, seu até então amigo e candidato que se livrou ardilosamente de ser afastado do Senado.
Fico imaginando… o pobre pra ganhar Bolsa Família no governo Huck vai ter que acertar quantos gols no ângulo para ter direito a comer migalha?
Esse papo de que alguém de ‘fora’ da política (partidária, porque todos somos políticos) vai resolver os problemas não é real.
Prova disso, esses dias, o ‘empresário’ Dória (que mais viaja do que trabalha na cidade onde foi eleito) apareceu dando e recebendo tapinha nas costas do Paulinho da Força, raposa velha da política que se diz sindicalista.
É o novo se misturando com o velho.
Realmente algumas coisas tem que mudar para as coisas permanecerem as mesmas.
Não sei como vai ser o futuro, mas uma coisa é certa… se Huck for eleito, a primeira-dama, Angélica, não vai usar o avião da FAB para ir para a praia particular do casal (ou da Família Marinho).
Ela vai de táxi. “Cê” sabe.* Ou uber.
*Aliás, essa música é plágio da cantora Vanessa Paradis com a faixa ‘Joe Le Taxi’. Tanto essa música quanto nossa democracia parecem cópias ruins das da França.
A cadeira vai estar lá e tem um povo analfabeto político que gosta de ser enganado: um prato cheio para as ambições de toda espécie.
Tá mesmo na hora de mudanças. Até acho que desta maneira o Mourão tem razão