O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, avisou nesta segunda-feira (30) a ministros do governo Bolsonaro que suspendeu a divulgação do manifesto “A praça é dos Três Poderes”. A divulgação estava prevista para esta terça-feira (31), e o documento faria críticas à crise institucional entre os poderes Executivo e Judiciário. A informação é do jornalista Valdo Cruz, comentarista do G1 e da GloboNews.
O motivo da suspensão foi a reação do próprio governo, que ameaçou retirar o Banco do Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal do quadro de associados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo o jornalista, Skaf ligou para ministros comunicando a suspensão e buscando informar que a intenção, com a elaboração do manifesto, era fazer um alerta para os chefes dos três poderes sobre a necessidade de se dialogar e focar em pautas de interesse do país.
O presidente da Fiesp disse aos assessores de Bolsonaro que o objetivo não era mandar um recado só para o Executivo, mas também para Judiciário e Legislativo.
No início da tarde desta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que defender a democracia é “muito bom”. “A informação que eu tenho é que havia um manifesto de defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum, e que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. A própria Fiesp disse que não iria fazer o manifesto, que está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, declarou.
Nota da Febraban
Na tarde desta segunda-feira, a Febraban divulgou nota de esclarecimento na qual informa a sua posição em relação ao manifesto preparado pela Fiesp. Eis a íntegra da nota:
“O manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apresentado na última quinta-feira às entidades empresariais com prazo de resposta até 17 horas da sexta-feira, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro, ao longo da semana passada.
Desde sua origem, a FEBRABAN não participou da elaboração de texto que contivesse ataques ao governo ou oposição à atual política econômica. O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade.
A FEBRABAN submeteu o texto a sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela Fiesp. Sua publicação não é decisão da Federação dos Bancos. A FEBRABAN não comenta sobre posições atribuídas a seus associados”.