(por Ruth Bolognese) – Há um princípio de “nada a ver” que protege qualquer pessoa no Paraná que tenha o sobrenome Richa. A prova mais recente é a denúncia do Ministério Público Federal, MPF, contra 18 pessoas entre administradores e funcionários da concessionária de pedágios Econorte, que integra o grupo Triunfo, operadores financeiros envolvidos com a concessionária e servidores públicos pela prática dos crimes de associação criminosa, peculato, corrupção, estelionato e lavagem de dinheiro.
Com base nas informações contidas na Operação Integração, da Lava Jato, os acusados eram todos ligados, direta ou indiretamente ao Departamento de Estradas e Rodagem, DER, órgão vinculado à secretaria de Infra Estrutura. E quem responde pela secretaria e, consequentemente, pelo DER é irmão do Governador, Pepe Richa, o Suave.
Conforme as denúncias do Ministério Público Federal, as irregularidades eram antigas, envolveram altas somas de dinheiro, enriqueceram empreiteiros com superfaturamentos, mudaram a vida de altos funcionários do DER.
O surpreendente nisso tudo é que Pepe Richa, responsável final pela contratação de obras, vistorias e pagamentos sequer foi citado na Operação. A não ser por fazer parte da lista de agraciados pela empreiteira Triunfo, dona da concessionária Econorte, com ingressos para jogos da Copa do Mundo de 2014.
Nessas horas é que qualquer pessoa, até mais defensora da presença do Estado na economia do que Roberto Requião, se torna um liberal de primeira hora e privativista em todos os níveis: se esse escândalo financeiro que atingiu o DER fosse na iniciativa privada, não sobrava ninguém, do CEO da empresa até o porteiro , todo mundo seria responsabilizado pela falcatrua.
Aqui no Paraná, porém, e nos órgãos públicos, por milagre do sobrenome Richa, ou por circunstâncias outras, o chefe de tudo sempre fica ileso. E como Pepe Richa, o Suave, pode deixar o cargo e sair candidato a deputado. Que o diga o próprio governador Beto.
É tudo devido ao compadrio entre os poderes constituídos (altas hierarquias e adjacências, claro) que se beneficiam e se protegem, de modo a que só os baixos escalões são atingidos, acima deles o princípio da não responsabilização escrachadamente vigora …