O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta lança nesta sexta-feira (25) o livro “Um Paciente Chamado Brasil” (Editora Objetiva), no qual conta bastidores do combate à pandemia e do processo de fritura pelo qual passou no cargo por insistir em pregar distanciamento social contra o vírus e se recusar a liberar a cloroquina sem evidência de eficácia. O livro faz um relato dos últimos 87 dias em que atuou na pasta.
A obra, escrita pelo repórter Wálter Nunes, relata que em um dos primeiros encontros do governo sobre a pandemia o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro demonstraram espanto, enquanto o presidente Jair Bolsonaro se manteve alheio às discussões. As informações são da Folha de S. Paulo.
“Ele [Bolsonaro] nunca aceitou sentar comigo para ver a realidade que o seu governo estava para enfrentar”, diz o ex-ministro. Segundo o livro, o presidente ignorou alertas da pasta. Na época, as projeções da equipe da Saúde apontavam de 30 mil mortes a até 180 mil caso não fossem adotadas medidas de isolamento. Hoje o país atinge 4,6 milhões de casos da covid, com quase 140 mil óbitos.
Em outros trechos, o livro busca ainda mostrar como Bolsonaro passou a contrapor a Saúde em discursos contra o isolamento e a favor da cloroquina, mesmo sem eficácia comprovada contra a covid-19. Em uma das ocasiões, relata Mandetta, o presidente sugeriu que fossem feitas mudanças na bula do remédio por decreto, para ampliar a oferta. A medida foi contestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).