O ex-chefe de Gabinete do governador Beto Richa, jornalista Deonilson Roldo, negou que tenha atuado para fraudar a licitação da PR-323 visando a beneficiar a empreiteira Odebrecht, e que as acusações do Ministério Público Federal que imputam a ele de ter cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro são falsas. “Não me reconheço naquilo que o MPF escreveu sobre mim; é uma outra pessoa”, afirmou durante interrogatório conduzido pelo juiz da 23.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Paulo Sérgio Ribeiro, na tarde desta terça-feira (8).
Deonilson é réu na ação penal derivada da Operação Piloto, desdobramento da Lava Jato, que investigou suposto pagamento de propina no valor de R$ 4 milhões por parte da Odebrecht para assegurar a obra de duplicação da rodovia situada no Noroeste do estado e posterior exploração do pedágio em contrato de 25 anos. Também figura como réu neste processo o empresário Jorge Atherino, operador do recebimento dos valores que seriam destinados a abastecer o caixa 2 da campanha à reeleição de Beto Richa em 2014.
Referindo-se à gravação de uma conversa da qual os investigadores deduziram que ele articulava o direcionamento da obra para a Odebrecht, Deonilson afirmou que a escuta foi uma armadilha preparada pelo delator Tony Garcia, que, segundo ele, agia em nome da construtora Bertin, também interessada no contrato. Deonilson afirmou que foi Garcia que teria fornecido o celular ao diretor da Bertin, Pedro Hache, para fazer a gravação do diálogo no Palácio Iguaçu que se tornou a principal peça de acusação contra ele.
Ao responder às perguntas, Roldo chorou várias vezes, e deu uma interpretação diferente às afirmações que fez durante o diálogo gravado por Pedro Hache. Disse que não procede o entendimento do Ministério Público de que teria pedido que a Bertin não participasse da concorrência porque o governo já teria compromisso firmado com a Odebrecht.
Os dois vídeos a seguir reproduzem o depoimento de Deonilson Roldo. Assista: