Depois da aprovação da constitucionalidade na sessão de ontem, a Assembleia Legislativa vota nesta terça (10) o mérito dos seis projetos de reajuste do funcionalismo público estadual. Cinco deles preveem reposição da inflação do último ano (2,76%) e foram propostos pelo Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria Pública e pelo próprio Legislativo. O sexto é de autoria da governadora Cida Borghetti e concede apenas o ofensivo 1% para os servidores do Poder Executivo.
Acontece que a bancada da oposição e os “independentes”, que se reúnem em duas bancadas chefiadas pelo deputado Ratinho Jr. (PSD), adversário de Cida na eleição para o governo, apresentaram emenda dando aos funcionários do Executivo o mesmo índice previsto para os demais Poderes. Mais de 30 deputados assinaram a emenda, o que, em tese, significa que a governadora, neste caso, perdeu o controle da Assembleia: ela pode contar apenas com 20 e poucos votos, minoria entre os 54 deputados.
Este será o primeiro e mais importante teste político de Cida: se aprovado o aumento geral e irrestrito no índice máximo, ela está condenada a tomar uma de duas atitudes – ou aceita o reajuste de 2,76% e contraria a próprio argumento técnico-financeiro de que o caixa do governo não aguenta o impacto ou veta todos os seis projetos. Neste último caso, a insatisfação será geral e irrestrita, porque não haverá reajuste para ninguém.
Há quem diga que, na última hora, ela tentará a jogada final: retira o projeto do 1% para os servidores do Executivo e deixa os deputados com a responsabilidade de votar e aprovar os 2,76% dos demais poderes. Podem conquista a duvidosa simpatia de 8 mil já bem remunerados servidores, mas arriscam-se a enfrentar a ira de 300 mil que ganham pouco.
Seria, assim, uma maquiavélica “pegadinha” que Cida Borghetti aplicaria nos deputados.