A pergunta que não quer calar: Beto Richa vai conseguir manter sua candidatura ao Senado? A pergunta é pertinente não só pelo fato de que, além de dificuldades judiciais, teria também muita dificuldade para convencer os eleitores a votarem nele após a pancadaria de denúncias que caiu sobre sua cabeça, sem contar o risco de não conseguir vaga nas chapas que concorrerão à eleição de outubro.
O raciocínio é simples: os candidatos aos cargos majoritários – governador e senador – fazem campanhas “casadas”, numa espécie de ajuda mútua em que todos levam vantagem. Se um dos “cônjuges” do casamento der motivo a desgastes ou rejeição pelo eleitorado, fatalmente ele pode significar a desgraça para a companheiro.
Assim, não se deve esperar boa vontade do grupo de Cida Borghetti, comandado por seu marido, o deputado Ricardo Barros, de se dispor a andar em campanha pelo estado atrelado ao prestígio decadente de Richa. Ele já não soma votos em favor da reeleição de Cida. Pelo contrário, pode tirar-lhe votos.
O PSDB, partido de Richa, é parte importante do gigante arco de alianças partidárias em torno da candidatura de Cida Borghetti (PP) e já se tinha como certo que o acordo entre as partes previa que um dos dois candidatos da chapa ao Senado seria o ex-governador. O outro já anunciado é o deputado Alex Canziani, do PTB.
Há exemplos históricos de que casamentos arranjados não garantem felicidade nem amor eterno. Um desses casos se deu em 2010, quando as circunstâncias promoveram a parceria impossível entre o candidato a governador Osmar Dias com o senador Roberto Requião. Requião se elegeu na “estica”, quase perdeu para Gustavo Fruet, mas transferiu a própria rejeição ao companheiro, que amargou a derrota na disputa com o então iluminado Beto Richa.
Como diria Marx: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Quem se arrisca a cumprir essa trajetória?