Por Claudio Henrique de Castro – Onze de agosto é dia do Advogado.
Em 1995 eram 235 faculdades de direito no Brasil, atualmente, passam de mil e quinhentos cursos jurídicos.
Em 26 anos tivemos um aumento de 539%. Montaram-se fábricas de diplomas.
Temos o maior número de cursos jurídicosdo mundo, mais de um milhão, duzentos e cinquenta mil advogados e três milhões de estudantes de direito.
Recentemente, o governo autorizou o curso de direitona forma EAD, isto é, no ensino à distância.Doravante o aluno poderá pegar o diploma universitário sem nunca ter assistido uma aula presencial.
Em Portugal a formação éde quatro anos e de dedicação exclusiva. Na Alemanha,a graduação dura oito anos, e poucos chegam a concluí-la.
Os cursos jurídicos brasileiros, no geral, ensinam apenas as leis e as decisões dos tribunais, o que transformou o curso em mera legística.
Como nos ensinou o Direito Romano: muitas leis, pouco direito.
Não se aprende o conceito de justiça, no Brasil, que é marcado por milhões de injustiçados, e governado por uma elite atrasada e indiferente ao povo.
Afinal, onde está o justo?
A luta entre o legal e o justo não é invenção de romancistas e dramaturgos, mas produto da realidade.
Em cem casos analisados de 1976 a 2020 no sistema prisional brasileiro, verificou-se que o maior tempo de prisão injusta foi de 19 anos, e o menor, de 1 dia (Folha de São Paulo).
Sabemos que apenas alguns minutos de prisão injusta, já caracterizam uma tremenda injustiça.
No geral, os advogados trabalham sobre as provas processuais: quem prova, ganha; quem não prova, perde. Por essa razão, a insuficiência de prova é igual a falta de prova.
Aprendi, desde cedo que, se precisar, o advogado deve falar até com o Papa.
Há alguns anos tive o relato do saudoso advogado e professor Aloísio Surgik sobre esse fato. Lá esteva o causídico paranaense em audiência com o Papa Francisco, no Vaticano, para tratar de uma questão jurídico canônica.
Para ser advogado, não basta ser a figura do advogado, é preciso ter alma de advogado.