Desigualdade no Brasil: 2,7% das famílias concentram 20% da renda

A desigualdade social no país fez com que apenas 2,7% das famílias acumulassem 20% do total da renda entre os anos de 2017 e 2018. A revelação faz parte da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), divulgada nesta sexta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As famílias brasileiras tiveram uma renda média de R$ 5.426,70.

O estudo traz informações sobre a composição orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, incluindo a percepção quanto à qualidade de vida. A coleta da pesquisa foi realizada nas áreas urbana e rural de todo o país no período de junho de 2017 a julho de 2018. O resultado ainda é preliminar. Mais dados serão divulgados nas próximas semanas.

A pesquisa aponta que apenas 1,8 milhão de famílias com renda superior a dez salários mínimos em 2017 (no caso R$ 954 foi o salário mínimo usado como referência) receberam 19,9% de todo o valor de rendimentos, seja em salários ou variações patrimoniais. No caso desse estrato, a renda média foi de R$ 40,4 mil entre as famílias.

Num exercício hipotético para mostrar a desigualdade de renda no país, a POF traz uma simulação de como seria a renda brasileira se fosse retirado esse grupo do total de renda.

“Caso apenas os valores recebidos por este grupo fossem repartidos igualmente por todas as famílias brasileiras, o valor médio mensal cairia para R$ 2.942,66, o que equivale a pouco mais da metade da média global”, compara.

Na última POF, de 2007-08, o percentual de concentração era ainda maior: 22,1% da renda ficava entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos.

Mais pobres têm apenas 5,5% dos rendimentos

Do outro lado da ponta, de acordo com o levantamento, 23,9% das famílias brasileiras viviam com um orçamento mensal de até dois salários mínimos. “Este percentual corresponde a um contingente com cerca de 44,8 milhões de pessoas em 16,5 milhões de famílias. Por possuírem os mais baixos valores recebidos, tal contingente contribui com apenas 5,5% dos valores registrados”, explica a POF.

Um dado importante da pesquisa aponta para as transferências governamentais, que responderam por 19,5% do total de renda do brasileiro. Elas incluem as aposentadorias e pensões públicas e privadas, bolsas de estudos e programas sociais de transferência de renda. No Nordeste, esse percentual chega a 24,6%, enquanto no Norte tem o menor percentual: 16,3%.

“Chama a atenção as aposentadorias e pensões do INSS, cuja participação no total das transferências foi de 55%, os programas sociais federais representam 5,4% das transferências e apenas 1% dos valores recebidos como rendimentos e variação patrimonial”, diz a pesquisa.

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