Na sessão plenária desta terça-feira (16) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado estadual Soldado Fruet (Pros) levantou questionamentos a respeito de três empresas com participação do Governo do Paraná. Em discurso, o parlamentar cobrou esclarecimentos sobre a última alteração no estatuto social da Copel, o funcionamento do Tecpar sem recursos do Estado e a continuidade dos altos lucros da Sanepar em meio à pandemia da Covid-19 e ao rodízio de água.
No caso da Copel, o Soldado Fruet apontou que, “durante meses, para justificar a venda da Copel Telecom, ouvimos que a empresa focaria no seu negócio, a energia”. Então, indagou o deputado, “por que, na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da semana passada, colocar no objeto social da empresa Negócios de comunicações e de telefonia celular? E, pior, dar poderes para realizar parcerias e comprar participações nesses negócios?”.
Até recentemente, a Copel era 100% dona da Copel Telecom e possuía 49% da Sercomtel, que explora telefonia celular, com direito de preferência para comprar os demais 51% e ser a única dona da empresa. Como a Copel se desfez desses ativos, o deputado quer saber o que a empresa pretende com essa alteração estatutária. “Fica a pergunta e a certeza de que estarei de olho nos novos negócios da Copel. Aliás, espero ainda a resposta da empresa sobre a compra da Usina Solar Bandeirantes, aquela, cujo valor ninguém sabe e cujos sobrenomes se confundem”, comentou.
Tecpar – O Líder do Pros também quer entender o que levou o Tecpar a sair de um faturamento de mais de R$ 404 milhões em 2018 para R$ 9,7 milhões em 2019 e R$ 7,3 milhões em 2020. “O que estará acontecendo no Tecpar, que no começo de 2019 foi presidido por um dos cabeças da Fundação Dom Cabral, a mesma que fez o estudo da reforma administrativa que, como eu previ, aumentou as despesas de pessoal do Estado?”, perguntou, citando que, na última prestação de contas aos deputados, o secretário da Fazenda, Renê Garcia Junior, informou que a receita do Estado cresceu 1,1% e as despesas de pessoal estão acima do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (54,1%).
O Soldado Fruet lembrou que o Tecpar não é mais uma empresa dependente do Governo do Paraná, por isso não pode receber recursos do Estado para despesas de custeio. “Estou buscando informações para saber de onde tem saído dinheiro para manter a empresa, a estrutura física, o pessoal. Estaria o Tecpar se desfazendo de ativos? Estaria se endividando com bancos e com aval do Estado ou estaria recebendo dinheiro público de forma indevida?”, questionou.
Sanepar – Em relação à Sanepar, o deputado apontou que a economia de 50 bilhões de litros de água, decorrente do rodízio realizado nos últimos meses, não beneficiou o bolso dos consumidores. “Isso significa 50 milhões de metros cúbicos ou, mais ou menos, 4 milhões de faturas de uma família média curitibana”, comparou. Mas ele ressaltou que, apesar do volume de água economizado representar quase R$ 500 milhões, a receita da empresa não caiu na mesma proporção. “Na Sanepar, a matemática não funciona da mesma forma. Na Sanepar, a matemática funciona para os investidores”, afirmou.
O parlamentar lembrou que a receita líquida da companhia em 2020 subiu 1,6% em relação a 2019 e o lucro líquido permaneceu na faixa de R$ 1 bilhão. “É um absurdo que, no pior período de crise econômica vivida pelos paranaenses, a Sanepar continue trabalhando com lucro líquido acima de 20%”, disse o Soldado Fruet. “Nenhum negócio tem esse lucro, acho que nem o pedágio, que tanto lutamos contra, lucram tanto”. O deputado lamentou que “um dia a Sanepar já foi do povo paranaense, mas hoje não é mais; hoje ela existe para garantir que, ano após ano, bilhões sejam garantidos aos investidores, mesmo que isso custe caro ao povo paranaense”.