Delegados dizem que Polícia Civil e PM são vítimas da má gestão

A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) concorda que tanto a Polícia Militar quanto a Civil “são tão vítimas da má gestão administrativa e financeira do Governo do Estado”, mas repudia as afirmações de oficiais da PM que acusam o governo do estado de privilegiar a Polícia Civil com orçamentos maiores e desproporcionais. Assinada pelo seu presidente, delegado Ricardo Noronha, uma nota oficial diz que “acompanha de maneira equidistante as notícias que dão conta da suposta saída do delegado Wagner Mesquita do comando da secretaria da Segurança Pública”. Isto é, para a Adepol tanto faz que Mesquita fique ou saia.

Veja a íntegra da nota da Adepol:

A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná acompanha de maneira equidistante as notícias que dão conta da suposta saída do Delegado Wagner Mesquita do comando da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do Paraná, não tomando partido do embate político/administrativo travado com os Oficiais da Polícia Militar do Paraná.        

Cumpre-nos por oportuno esclarecer, no entanto, que um dos motivos apontados como estopim desse conflito, qual seja, um suposto privilégio da Polícia Civil na distribuição de verbas da Secretaria de Segurança, não é verdadeiro. 

Quadro comparativo retirado de um estudo acadêmico de alunos do mestrado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, mostra que, em analise dos últimos 5 (cinco) exercícios financeiros (2013-2017) o orçamento da Polícia Militar sempre foi o de pelo menos o dobro do disponibilizado à Polícia Civil; some-se a isto a recente declaração do Secretário Mesquita em uma rede social particular, dando conta que sequer rubrica própria de investimentos a Polícia Civil possui dentro da SESP. 

Os dados do estudo acadêmico mostram, ainda, que houve sim uma diminuição do orçamento da Secretaria de Segurança Pública no ano de 2017, em relação ao ano de 2016, passando de 6,24% para 5,33% do orçamento geral do Estado, mas em números proporcionais essa redução foi mais sentida na Polícia Civil, que ficou apenas com 1,19% desse total, sendo 2,79% destinados à Polícia Militar.   

Não se quer, contudo, cometer o mesmo erro cometido pelo Secretário, quando em algumas vezes durante a sua gestão pareceu querer jogar uma instituição policial contra outra, a ADEPOL reafirma o profundo respeito e admiração aos componentes dos quadros da nossa co-irmã Polícia Militar, que são tão vítimas da má gestão administrativa e financeira do Governo do Estado quanto nós da Polícia Civil, observa-se, em verdade, que os investimentos em segurança pública como um todo não tem sido uma prioridade para o Governo do Paraná, o que se apresenta como censurável. 

Um estudo da Revista Exame divulgado em 2016 mostra que das 27 unidades da Federação o Estado do Paraná é 7ª que menos investe em Segurança Pública, perdendo apenas para estados do norte e do nordeste.  Comparando com o estado vizinho de Santa Catarina, entre os anos de 2011 a 2018 o Paraná previu em média um investimento de 6,2% de sua receita bruta em Segurança Pública, enquanto que a unidade Catarinense no mesmo período destinou 8,81% em média de sua arrecadação total a investimentos na área de Segurança Pública. 

Por último, os Delegados de Polícia do Paraná reafirmam seu compromisso de bem servir a população paranaense, mesmo com todos o sucateamento sofrido nos últimos anos, desejando que a crise instalada seja tão logo solucionada de modo a trazer o menor prejuízo possível à sociedade, e que essa nova postura de agregar esforços, traga um sopro de esperança de novos tempos na condução da Segurança Pública Paranaense. 

João Ricardo Képes Noronha 
Presidente

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