O delator Eduardo Lopes de Souza, o dono da Valor, conta em sua colaboração premiada que, após ter sido apresentado pelo deputado Valdir Rossoni a Maurício Fanini, então diretor da secretaria da Educação, foi convidado a visitá-lo. A primeira conversa já mostrava o início do esquema que desviaria R$ 20 milhões em contatos para construção de escolas cujas obras, no entanto, nunca foram feitas:
O FANINI dizia “quer rir, tem que fazer rir”. Ele me mostrou uma pilha de processos parados num canto e disse “esse é o pessoal que não quer ajudar”. Ele disse que teriam várias licitações e me orientou que eu deveria elaborar propostas com descontos agressivos, de forma a garantir minha vitória na licitação, e que posteriormente acertariam tudo através de aditivos contratuais. Dependendo da licitação ele já dizia qual era o desconto que eu tinha que dar para ganhar (18%, 20%, etc.). Ele me indicava quais eram as obras “boas”, ou seja, aquelas onde não iria faltar recursos, e me orientava a participar. Ele disse que não queria mexer no esquema do Deputado ROSSONI em Bituruna/PR, mas disse que precisava daqueles R$ 10.000,00 (dez mil reais). Ele disse que só tinha uma pessoa para quem ele prestava contas, que era o Governador BETO RICHA. Eu disse pra ele que levaria o dinheiro uns dois ou três dias depois, o que foi feito. Nessa conversa nós já acertamos que trabalharíamos juntos, mediante o repasse de propinas. Entreguei o dinheiro diretamente para ele na sala dele na SUDE.
A partir daí as coisas não pararam mais. O superior hierárquico de Fanini, Jaime Sunyé Neto, então presidente da SUDE, identificou irregularidades e comunicou ao secretário da Educação da época, Fernando Xavier, que mandou abrir sindicância, em maio de 2015.
Prudentemente, Xavier pediu exoneração da secretaria dias depois, enquanto Sunyé foi surpreendido com um decreto de Beto Richa exonerando-o do cargo de presidente da SUDE.
Roubar dinheiro da educação demonstra a total falta de honra e caráter desses bandidos. Além de corruptos, são muito burros também, por confiar cegamente em políticos. Quem não guarda provas dos esquemas criminosos, é o idiota que vai ficar por baixo e vai pra cadeia.