A eleição para prefeito de Curitiba em 2016 pode entrar para a história como o mais pronto, acabado e confessado efeito que “fake news” podem produzir no resultado final.

A comprovação deste efeito deve-se à confissão gravada pelo próprio operador do sistema de multiplicação de maledicências por meio das redes sociais – o empresário Eduardo Carmona (foto), dono da empresa Gestor Político, que, sob encomenda da coordenação de marketing da campanha de Rafael Greca, contribuiu para a “virada” do humor do eleitorado de Curitiba que acabou derrotando o favorito, deputado Ney Leprevost.

Ouça neste áudio como Carmona conta como funciona sua “indústria” e como ela influenciou para dar a vitória a Greca:

Acompanhe o histórico:

Fechadas as urnas do primeiro turno, em 4 de outubro, Greca sobrepujou os adversários conseguindo passar para o segundo turno ao obter nas urnas 38% dos votos, contra 24% dados ao segundo colocado, Leprevost. O ex-prefeito Gustavo Fruet, que concorria à reeleição, fez 20%.

Iniciada a campanha de segundo turno, entre Greca e Leprevost, as primeiras pesquisas indicavam uma grande mudança de cenário. Leprevost foi favorecido pela migração do eleitorado de Fruet e pelo desgaste que Greca vinha sentindo em decorrência de suas desastradas declarações (que não foram fakes) de que cheiro de pobre lhe provocava vômitos.

Dia 11 de outubro, uma semana após o pleito, pesquisa Opinião registrada no TRE, considerando apenas os votos válidos, indicava que Leprevost faria 52,5% dos votos, enquanto Rafael Greca alcançava 47,5%.

No dia 21, o Ibope confirmava os mesmos índices: 53 a 47.

Com a eleição já praticamente definida, a campanha de Greca intensificou o uso de “fake news” para desconstruir Ney Leprevost. Além do uso nos programas eleitorais de denúncias que depois se revelaram falsas – como os casos da suposta apropriação de um terreno do Instituto dos Cegos e de que o adversário tinha comprado diploma universitário -, as redes sociais foram inundadas por outros ataques de calibre grosso.

A partir daí, o eleitorado se moveu rapidamente para favorecer Greca, que deixou de lado propostas de governo para se dedicar quase exclusivamente à desconstrução do adversário. Dia 30 de outubro, menos de dez dias depois da inclusão das “fake news” como método de campanha, as urnas deram vitória a Greca, com margem de 53% a 47% dos votos.