A então vice-governadora Cida Borghetti (PP), candidata à reeleição, não mandou o secretário da Segurança Fernando Francischini jogar a tropa contra os servidores que se manifestavam no Centro Cívico naquele 29 de abril de 2015. Também não foi autora dos “pacotaços” que marcaram o governo Richa, assim como não há sinais de que tenha participado da tentativa de fraude na licitação da PR-323, que levou ao banco dos reus alguns dos mais próximos assessores/amigos do ex-governador. Muito menos foi dela a ideia de tirar recursos de escolas que deveriam ser construídas (e não foram) para jogá-los na campanha eleitoral.
O mesmo se poderá dizer do ex-secretário do Desenvolvimento Urbano, por três anos, o candidato Carlos Ratinho (PSD). Certamente não saiu da sua cabeça a ordem de confiscar fundos da Paraná Previdência. Nem esteve sentado na cadeira de governador para autorizar descontos de até 70% para que grandes empresas antecipassem a arrecadação de quase R$ 4 bilhões que só venceriam na gestão seguinte. Não há registros de que mantivesse conversas secretas com o primo-distante Luiz Abi Antoun, nem que frequentasse o “banco da propina” montado numa casa alugada nas proximidades da Arena da Baixada.
Então, por que Cida e Ratinho são tão frequentemente apontados de serem igualmente responsáveis pelas malfeitorias que os ministérios públicos Estadual e Federal, além da Polícia Federal, estão desnudando como obras do governo Richa?
Só pode ser por uma razão: porque mantiveram silêncio, não se posicionaram ou, até mesmo, apoiaram indiretamente algumas medidas desastradas, como a autorização para que seus deputados votassem maciçamente pela aprovação de todas as “maldades”. É aquela história de que “quem se cala consente”. Mais: ambos procuraram tirar proveito da “parte boa” do governo Richa e, ainda agora, durante a campanha, só se lembram disso. Apenas das obras que puderam fazer, do protagonismo em algumas ocasiões cor-de-rosa.
E isto é suficiente para mantê-los presos ao passado, embora façam brutal esforço para manter a maior distância possível do antigo “chefe”. Richa assistiu a sequência de demissões de amigos que tinha em postos-chave e teve dificuldades até para fazer parte da chapa de candidatos ao Senado de Cida Borghetti; não conseguiu se aproximar de Carlos Ratinho, embora muitos de seus aliados, como os deputados Ademar Traiano e Valdir Rossoni que, mesmo sendo do PSDB – partido da coligação de Cida – façam campanha em favor do adversário dela.
As contradições são evidentes. Beto Richa se sente traído e abandonado.
Traídos e abandonados somos todos nós por não termos opções – é votar no menos ruim ou no menos pior ou se preparar para mais 4 anos de desgovernos.
O porteiro do puteiro está ali para ganhar seu salário, e garantir a segurança da portaria, não tem nada a ver com o que acontece dentro da zona e muito menos na relação clientes prostitutas. Mas aqueles que come na mesma mesa com a dona da zona e passeia de mãos dadas, fica difícil de negar uma relação mais que fraterna.