Bolsonaro quer eliminar o “politicamente correto”

Ao discursar no no Congresso Nacional parlatório do Palácio do Planalto logo após receber a faixa presidencial de Michel Temer, Jair Bolsonaro repetiu algumas de suas bem conhecidas bandeiras de campanha, como o combate ao marxismo e à ideologia de gênero, assim como garantir o direito à legítima defesa aos cidadãos de bem, o que inclui, neste último caso, a ampliar o direito à posse de armas.

Incluiu mais uma bandeira que não tinha ficado tão explícita nos discursos de campanha: prometeu também “libertar a nação” do “politicamente correto“.

O que ele quis dizer com isso?

Uma consulta à Wikipedia – a enciclopédia livre da Internet – nos diz que o adjetivo composto “politicamente correto” descreve que se deve evitar “linguagem ou ações que são vistas como excludentes, que marginalizam ou insultam grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por sexo ou raça.”

politicamente correto induz as pessoas a, por exemplo, referirem-se aos negros como afro-descendentes; os muito brancos, de polacos; os orientais, de “japas”. Também ensina que não se deve usar pejorativos para designar homossexuais. No primeiro caso, comete-se o crime de racismo; no segundo, de homofobia. E assim por diante.

Provavelmente, o presidente leu o livro Illiberal Education, do comentarista político, escritor e cineasta indo-americano Dinesh Joseph D’Souza, ex-dirigente de uma universidade cristã de Nova Iorque. Conservador, Dinesh condenou o que viu como um esforço liberal para incrementar a auto-vitimização e as ações afirmativas, além de promover mudanças no conteúdo dos currículos escolares e universitários através da linguagem.

É possível, também, que Bolsonaro tenha sido influenciado pelo seu ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que em vários artigos tem combatido a exacerbação dos limites impostos pelo politicamente correto, quer na linguagem popular quer na mídia.

Pode-se ou não concordar com Bolsonaro. O problema não é este. O problema está no como Bolsonaro vai libertar a nação disso daí. Vai baixar decreto determinando a extinção do politicamente correto?

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui