Bolsonaro dedica live da semana a suicídios, mortes e fome

O fato de estar cumprindo recomendação médica de se isolar no Palácio da Alvorada por estar contaminado com o coronavírus, não impediu o presidente Jair Bolsonaro de continuar propagando suas crenças, mesmo aquelas sobre as quais ele próprio ainda tem dúvidas. Foi o que se viu nesta quinta-feira (9) na live solitária que transmitiu pelo Facebook – felizmente sem a presença do sanfoneiro que abrilhantou a atração nas duas últimas semanas.

Suicídios, mortes, pobreza, fome, reabertura do comércio foram alguns dos temas mencionados na transmissão do presidente:

  • Bolsonaro deu repercussão à teoria levantada por um guarda rodoviário de que o aumento de casos de atropelamento numa rodovia do interior de Minas Gerais se deve a suicídios de pessoas que supostamente entraram em depressão por causa da quarentena que estão vivendo desde o surgimento da pandemia. O presidente não tem certeza de nada, mas achou plausível a explicação e sugeriu que se fizessem estudos. Apesar das próprias dúvidas, a teoria do guarda lhe serviu de bom pretexto para continuar combatendo as medidas de restrição aconselhadas pela ciência.
  • Achou sensato um artigo assinado pelo jornalista Alexandre Garcia – recém-convertido ao bolsonarismo – em que desmente os perigos da pandemia e considera exageradas as notícias de de aumento no número de mortos no país. Segundo Garcia, no mesmo período do ano passado, portanto bem antes da pandemia, as estatísticas teriam mostrado que morreu mais gente do que em 2020. Que outras doenças mataram muito mais. Que as mortes por Covid-19 no Brasil representam “apenas” 6% do total de óbitos registrados nos cartórios. Logo, insinua Bolsonaro concordando com o jornalista, o coronavírus não é tão perigoso quanto dizem nem mata tanta gente assim.
  • Por tudo isso, Bolsonaro voltou a apelar a governadores e prefeitos que abram urgentemente o comércio e outras atividades econômicas. Se, como ele reafirmou, o STF não tivesse tirado seus moderes de gerir a crise sanitária, ele não teria adotado as restrições que foram impostas ao povo, que hoje enfrenta a fome e dificuldades de subsistência.
  • Por fim, deu uma notícias tranquilizadora para quem está passando fome: o auxílio emergencial de R$ 600,00 não pode continuar sendo pago por muito tempo. As finanças públicas não aguentam tanta despesa.

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