O blogueiro paranaense Oswaldo Eustáquio, preso desde a semana passada por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, disse nesta quinta-feira (2), em depoimento à Polícia Federal (PF), defender a “intervenção popular” e não uma intervenção militar, como acusa o Ministério Público Federal (MPF). A informação é do blog O Antagonista, que teve acesso ao interrogatório.
“A intervenção popular seria a utilização do direito ao voto de forma consciente e colocar no parlamento pessoas que tenham o desejo de mudar a história da nação brasileira, para que haja paz sem fim”, afirmou no interrogatório. O blogueiro atuou como jornalista na cidade de Paranaguá.
Manifestação – Eustáquio, segundo O Antagonista, negou ter participado de manifestações antidemocráticas, foco do inquérito em trâmite no STF no qual é alvo com militantes, empresários e deputados bolsonaristas. Afirmou que não esteve na manifestação do dia 19 de abril — na qual Jair Bolsonaro discursou em frente ao Exército e que motivou a abertura da investigação — mas sim numa do dia 21 de junho.
“Na manifestação do dia 21 de junho presenciou algumas falas antidemocráticas especificamente contra o STF […] que as pessoas que proferiram tais falas não pertencem a nenhum movimento conhecido pelo declarante; que tais pessoas foram identificadas pelos movimentos como infiltrados”, afirmou à PF.
Amigo de Sara – Oswaldo Eustáquio afirmou que não pode ser responsabilizado pela fala de terceiros e que “nunca publicou vídeos que propagasse ou incentivasse [sic] atos contra as instituições, o Estado Democrático de Direito ou a intervenção militar”.
Ele também disse que é amigo pessoal de Sara ‘Winter’ Giromini, mas que não tem relação profissional com ela nem com o 300 do Brasil, grupo de militantes que ficou acampado no estacionamento do Ministério da Justiça até o mês passado.
O jornalista foi preso na sexta-feira passada (26), em Campo Grande (MS), e teve a prisão temporária renovada nesta semana até domingo. Questionado se pretendia fugir para o Paraguai — outro motivo apresentado pela PGR –, negou, sem explicar o que fazia perto da fronteira.