Se o governador Beto Richa já apresentava resistências ao nome de Ivonei Sfoggia e relutava em reconduzi-lo à chefia da Procuradoria Geral de Justiça, suas dúvidas teriam crescido desde ontem (terça, 20) quando tomou conhecimento da gravação em que é alvo de chacotas do procurador, revelada com exclusividade pelo Contraponto.
A pergunta que todos se fazem no Palácio Iguaçu e alhures é se Richa ainda estaria disposto a seguir a ordem da lista tríplice que repousa sobre sua mesa há uma semana, isto é, desde que saiu o resultado da eleição do Ministério Público que deu 80% dos votos a Ivonei.
O segundo colocado foi o procurador Leonir Batista, chefe do Gaeco – o braço policial do MP que volta e meia denuncia, prende e arrebenta gente do próprio governo, como fez, por exemplo, na Operação Quadro Negro. Uma de suas últimas façanhas foi ter devolvido às grades, em setembro, um amigo do governador, Maurício Fanini, acusado de ser o principal operador dos desvios de verbas da Educação apurados pelo Gaeco e autor de uma delação à PGR (ainda não homologada). Oh! dúvida cruel: seria de bom alvitre nomear Leonir?
Há ainda um terceiro nome, menos votado pelos promotores e procuradores na eleição interna do dia 14. É Marcos Bittencourt Fowler, que só compôs a chapa que concorreu à lista tríplice na última hora e muito a contra gosto. Trata-se de um procurador discreto, calado, mais acostumado com a burocracia interna e com planejamento mas, para usar o jargão da classe, menos “operacional”. Por temperamento, não tem apego ao poder e aos holofotes, nem cultiva arestas ou disputas com colegas.
Diante das três opções, é bem possível que Beto Richa queime as caravelas, afunde as mágoas, enfrente o ridículo, pegue a bic e assine, pela segunda vez em dois anos, o decreto de nomeação do autor das chacotas para mais um mandato à frente da Procuradoria Geral de Justiça.