Até ontem, sexta-feira (1.º), se considerava mais ou menos certa a renúncia de Beto Richa ao governo em abril do ano que vem para poder se candidatar ao Senado. As possibilidades, porém, já eram postas em dúvida diante do alto grau de desaprovação que as pesquisas indicam para a administração e para o governador.
Os indicadores, é certo, vinham melhorando. Continuavam altos (cerca de 70%) em Curitiba e região metropolitana, mas vinham baixando no interior do estado. Este era um fator de estímulo para que Richa pusesse em marcha o projeto de abandonar o mandato e perder o foro privilegiado para sair em campanha.
Os acontecimentos da sexta-feira, quando explodiu a delação premiada de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, revelando suposto direcionamento de propina para abastecer a campanha passada de reeleição e prover recursos para a próxima, levantam dúvidas ainda maiores sobre a candidatura.
Primeiro, porque nos próximos meses – se o delator conseguir provar o que disse ao Ministério Público Federal – Richa poderá se tornar reu em processo de corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo, porque é provável que a repercussão do caso inverta outra vez as taxas de desaprovação e torne o governador uma vidraça fácil de ser atingida pelos adversários.