A verdade sobre porque não sai aliança do PDT com o MDB

Rejeições à parte, há outro motivo para emperrar a formação de aliança entre o PDT de Osmar Dias e o MDB de Roberto Requião. O motivo é a exigência do MDB para formar uma chapa conjunta de candidatos às eleições proporcionais (deputados federais e estaduais).

O MDB exige que a coligação se dê neste nível. Nem faz muita questão de indicar o vice de Osmar Dias. Pode ser algum representante do MDB como pode ser do próprio PDT ou de qualquer outra legenda que venha a ser conquistada por Osmar. O importante para o MDB é garantir um chapão que una seus candidatos a deputados com os do PDT e demais partidos.

O PDT não quer isto. A ordem partiu do inefável presidente nacional pedetista Carlos Lupi e por uma razão que as fortunas advindas dos fundos partidário e eleitoral explicam: quanto maiores as bancadas que os partidos conseguirem eleger para a Câmara Federal, maiores serão as respectivas fatias na dinheirama esparramada pela cornucópia de dinheiro público que alimentam tais fundos.

A grosso modo: um partido que elege 10 deputados federais terá o dobro de recursos em relação à legenda que fizer apenas cinco. Simples assim.

Pois bem: o PDT tem o maior interesse em eleger o maior número possível de deputados. Na eleição de 2014, considerando todo o país, foram eleitos apenas 19 deputados, o que se reflete este ano em minguadas verbas. Lupi tem a esperança de, em 2018, dobrar a bancada pedetista, o que significa dobrar automaticamente a verba do fundo partidário que recebe anualmente e dobrar também os recursos do fundo eleitoral para a campanha de 2022.

Claro que o MDB tem iguais interesses.

Se isto acontece em nível nacional, acontece também no âmbito do Paraná: ambos os partidos querem eleger o maior número possível de deputados federais. Em 2014, o MDB elegeu quatro (João Arruda, Hermas Frangão, Osmar Serraglio e Sergio Souza). O PDT não elegeu nenhum por falta de candidatos competitivos.

Em 2014, o MDB tinha um “puxador” de votos – o senador Roberto Requião, que concorreu a governador contra o reeleito Beto Richa. O PDT não lançou candidato a governador.

Em 2018, dá-se o contrário: o MDB não tem candidato a governador para vitaminar a chapa de candidatos a deputado. Com isto, concorrendo isoladamente, corre o risco de não reeleger todos os atuais quatro parlamentares e, muito menos, de acrescentar um nome novo. Mais provável é que reeleja apenas três, dois talvez. A bancada estadual também tende a sofrer perdas.

Já o PDT, com Osmar Dias à frente e bem nas pesquisas para enfrentar os adversários Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PP), pode atrair votos para eleger dois ou três federais. Para quem não tinha nenhum, será o céu. Terá nomes regionais com potenciais elevados de votação (Gustavo Fruet em Curitiba e RMC; Nelton Friedrich, no Sudoeste; Assis do Couto no Oeste; e Barbosa Neto em Londrina e região).

Unam-se as chapas dos dois partidos. No conjunto, poderiam somar votos para hipoteticamente eleger uma meia dúzia de deputados. Mas, pela ordem de votação, o mais provável é que os mais votados sejam do MDB, com o risco de o PDT acabar ocupando apenas uma vaga.

Então, a conta que o PDT faz é esta: se fizer um chapão com o MDB, pode eleger um deputado. Se for de chapa pura, tem condições de conquistar duas, talvez três vagas. Para o MDB o risco é o oposto, isto é, ver reduzida a sua bancada.

É este o verdadeiro nó da questão pela qual o PDT ainda resiste ao MDB. Não tem tanto a ver com o desejo de Osmar Dias, mas com a posição contrária de Carlos Lupi e dos esperançosos candidatos a deputado. O MDB, no entanto, não aceita coligação pela metade – é tudo ou nada.

Diretamente para Osmar, a aliança o beneficiaria com mais tempo de televisão, mais estrutura no interior, mais recursos para financiar a campanha – apesar de, quem sabe, acabar assustando seus eleitores tradicionais e perder votos se aparecer no mesmo palanque com Roberto Requião.

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