Por Cláudio Henrique de Castro – O Tribunal de apelações de Santiago, Chile determinou a reabertura da investigação sobre a morte do poeta Pablo Neruda, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1971.
Foi revogada a decisão anterior de dezembro de 2023 diante da investigação não ter esgotado todos os procedimentos para os esclarecimentos dos fatos (pjud.cl).
Há a suspeita de que o Neruda foi envenenado pelo regime de Pinochet.
O motorista de Neruda, o Sr. Manuel Araya, afirmou que em 1973 logo após o golpe militar que assassinou Salvador Allende, que o poeta recebeu uma injeção letal dos agentes da junta de Pinochet que entraram, clandestinamente, na Clínica Santa Maria onde ele estava sendo tratado de um câncer.
O veneno constituía-se da bactéria clostridium botulinum, uma potente neurotoxina, que talvez teria sido produzida no Brasil.
No Chile, não houve a anistia e nem outros expedientes que garantiram a impunidade dos componentes e apoiadores do regime autoritário.
A morte do opositor de Pinochet teria sido encomendada pela operação Condor que foi uma estratégia secreta das ditaduras latinas que envolvia o assassinato dos líderes políticos do Chile, Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, Uruguai e Paraguai.
A operação conectou aparatos repressivos para realizar incursões nos territórios desses países, na busca conjunta para prender, torturar, assassinar e desaparecer pessoas, que eram contrárias aos regimes militares do cone sul.
As pessoas eram presas e entregues aos governos estrangeiros, e tudo era feito à margem da lei. Não havia processo de expulsão, deportação ou extradição. Sem nenhuma formalização legal, elas foram submetidas a prisões arbitrárias, torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados.
Sobre o tema está sendo produzida uma série TV Operação Condor, em sete episódios e está sendo rodada desde fevereiro deste ano (ABI).
Investigar a verdade histórica é um dever dos Estados envolvidos, inclusive do Brasil, apesar da lei de anistia brasileira.
Poderão cortar todas as flores, mas não poderão deter a primavera (Pablo Neruda).