Você sabia que a Copel investe em empreendimentos imobiliários em Osasco, São Paulo? Pois é: nem mesmo a alta cúpula da companhia de energia do Paraná sabia disso. Veio a descobrir quando precisou ajustar o balanço do ano passado incluindo nele R$ 100 milhões que, supostamente, sua subsidiária Uega (a termelétrica instalada em Araucária), dizia ter em caixa. Só então, para surpresa da diretoria da Copel, verificou-se que o dinheiro estava indisponível, porque a Uega havia investido R$ 160 milhões em um fundo multimercado e se tornado sócia em quase 20% de uma empresa privada que tocava um grande projeto imobiliário em Osasco, na Grande São Paulo.
Quem conta esta história é o jornal Valor Econômico, que informa que o investimento só pode ser resgatado no prazo de quatro anos. Este fato causou não só constrangimento interno, pois expôs uma falha de governança da maior e mais importante empresa controlada pelo governo estadual, como também a obrigou a atrasar em um mês a publicação do balança e a adiar a assembleia de acionistas. A Copel foi obrigada também a ter de se explicar perante o órgão regulador norte-americano do mercado de capitais, já que os papeis da companhia são negociados na Bolsa de Nova York.
Mas como é que foi acontecer uma coisa dessas? Para descobrir, a Copel firmou, em fevereiro passado, dois contratos no valor de quase R$ 12 milhões para que escritórios especializados em auditoria forense investigassem o caminho tortuoso que o dinheiro tomara, acabando por parar nas mãos de uma empresa chamada GBX Tietê II Empreendimentos e Participações, que toca um projeto imobiliário em Osasco.
O plano dos empreendedores era construir no local torres comerciais, um shopping e um hospital, mas o plano sofreu sucessivos adiamentos por causa da crise do setor imobiliário. Acabou sendo remodelado e, num dos cantos do imóvel, há obras do futuro Paço Municipal de Osasco em andamento. O resto do terreno, de 72 mil metros quadrados, está vazio, segundo constatou a reportagem do Valor.
O investimento foi autorizado em 2014 pelo então diretor administrativo e financeiro da Uega, Erlon Tomasi, que nem era funcionário de carreira da Copel – foi indicado para o cargo pelo ex-governador Beto Richa. Tomasi alegou que, ao investir os lucros da Uega no projeto, impediria a empresa-mãe, a Copel, de exigir, como historicamente fazia, o repasse do dinheiro em caixa.
Como intermediário do negócio atuou o banco BTG Pactual – sempre ele! Um de seus diretores, João Adamo, saiu do BTG e montou uma gestora de investimentos estruturados. Tomasi deu a Adamo mandato para decidir como e onde os recursos da Uega poderiam ser aplicados. E aconteceu de a aplicação ser feita no projeto imobiliário!
Tudo muito estranho. Assunto que agora entra na lista dos muitos negócios obscuros que marcaram a gestão do ex-governador Beto Richa.
Só no Brasil, empresa pública é cabide de indicados por políticos. Fui funcionário da Copel por 29 anos e depois que esse Beto assumiu o governo, os comandos da Copel pioraram. Em qualquer parte do mundo, empresa pública é dirigida e comandada por funcionários de carreira enquanto que aqui vira cabine de emprego de políticos e seus indicados, pessoas que só aprontam e arrebentam as empresas públicas. Quando não desviam verbas para os políticos (está mais do que claro isso) das empresas. Para não dizer caixa dois. Passou da hora de isso acabar, mas, infelizmente essa semana aprovaram na camara a continuidade do poder dos políticos a indicação de seus cupinchas. Na Copel, se fizerem uma auditoria séria e profunda, certeza que acharão mais coisas. A Copel é uma empresa grande e com várias diretorias.
Esse Erlon não é aquele que é genro de uma outra figura pública?