Quem entende do assunto afirma com segurança que a eleição para a nova Mesa da Assembleia só será decidida nos minutos finais que antecederão a escolha, lá pelo dia 31 de janeiro ou 1.º de fevereiro. Quaisquer especulações no momento não passam mesmo do que são – especulações.
Alguns que já se lançaram candidatos começam a sentir os efeitos da pressa. Por enquanto – frise-se -, por enquanto, está vigente o acordo do governador eleito Ratinho de Jr. de não colocar empecilhos à vontade do atual presidente, Ademar Traiano, de continuar no comando.
Não se trata bem de um apoio, mas de não se imiscuir ou se responsabilizar por sua eleição. Por isso, transfere ao próprio deputado a responsabilidade de articular o apoio interno de que precisa. Ratinho não fará nada contra – um sinal de que não pretende se tornar co-responsável por manter na direção da Casa alguém que, a qualquer momento, poderá ser atingido por petardos mais fortes da Operação Quadro Negro.
Vendo que Traiano pode ser enfrentado e abatido, o deputado Fernando Francischini (PSL) ainda se utiliza da cada vez mais duvidosa ligação que manteve com o presidente eleito Jair Bolsonaro e tenta, junto com o deputado Plauto Miró Guimarães, formar uma chapa capaz de atrair a bancada novata e completamente inexperiente que se elegeu em outubro.
Neste caso, porém, além de já não subsistirem resquícios da suposta simpatia de Bolsonaro por Francischini, pesa contra esta tentativa profundo desgosto por parte do governador Ratinho Jr. Ele acha que a dupla Francischini-Plauto não terá condições de oferecer-lhe paz e tranquilidade nas relações que precisará manter com o Legislativo.
Restam poucos nomes em condições de chegar lá. Inscreve-se entre eles o deputado Marcio Nunes (PSD), com a desvantagem de ser – apesar dos discursos de valentia que de vez em quando profere – ser representante do baixo clero, aquele grupo de parlamentares que não exercem influência sobre colegas e, portanto, sem perfil de liderança e credibilidade para ocupar o estratégico cargo de presidente da Alep e o terceiro posto na hierarquia sucessória do estado.
Resumo da ópera: a eleição na Assembleia ainda está totalmente aberta. E dependente da vontade, ainda não manifestada, dos deputados Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi – os mais hábeis articuladores dos bastidores e meandros da Assembleia – de agir para colocar as coisas nos devidos trilhos.
Seria um verdadeiro desastre, após esta relativa renovação da Casa, manter o Sr. Traiano na Presidência. Cedo ou tarde, provavelmente bem mais cedo que se imagina, o Deputado será chamado às barras da Justiça para responder pelo “Quadro-Negro”. O melhor que os deputados eleitos e reeleitos tem a fazer no momento é afastar este senhor de qualquer cargo da mesa da Câmara até que seja devidamente esclarecido seu envolvimento com este caso. Pode ser inocente, é verdade, mas não vale a pena para o Estado correr este risco.