Xô, aumento! grita Rafael

Enquanto as retroescavadeiras cavocavam uma parte da praça do Japão para torná-la área de manobra de ônibus biarticulados, o prefeito Rafael Greca visitava nesta terça-feira a fábrica da Volvo. Foi ver a montagem dos chassis de 25 novos ligeirões que farão a linha do bairro Santa Cândida até a praça.

No fim da visita anunciou com alegria: este ano, como deveria acontecer em 26 de fevereiro, data-base para reajuste salarial de motoristas e cobradores, não vai ter aumento da passagem de ônibus. Só não explicou a razão: no ano passado, Greca aumentou a passagem de R$ 3,70 para R$ 4,25, em índice maior que a inflação do ano anterior e que ainda hoje cobre também a inflação de 2017.

Todos estão felizes: a tarifa técnica, que remunera as concessionárias, foi reajustada para R$ 4,06, valor certamente confortável e suficiente tanto para as empresas quanto para seus trabalhadores. O terrível Sindimoc, que todos os anos fazia greve nessa época, está quietinho em 2018. A Urbs, que entesourou no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) 20 centavos em cada passagem, acumula milhões. Os empresários também alegram-se com o perdão das dívidas que tinham junto à Urbs por descumprimento de cláusulas de qualidade.

Só continuam infelizes os usuários curitibanos, cujos salários não tiveram neste período o mesmo índice de recomposição que foi decretado por Greca em seis de fevereiro do ano passado.

Mas o mais feliz de todos é o prefeito, que aproveitou o momento para criticar “a gente insensata que quis dizer que [o transporte de Curitiba] não era bom”, e para afirmar que, ao contrário do que dizem as criaturas agourentas, a passagem não vai subir. Mas, com o aumento antecipado em um ano, precisava de outro agora?

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