Votação da aposentadoria de ex-governadores expõe fissuras políticas

A aprovação pela Assembleia Legislativa da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que extingue as aposentadorias de futuros governadores, na manhã desta quarta (15), expôs alguns bastidores da política dos pinheirais. Fidelidades históricas foram rompidas, mudanças súbitas de opinião aconteceram, ausências inexplicáveis aconteceram…

O pivô dessas fissuras foi a emenda que propunha a extinção da aposentadoria também para os oito ex-governadores que já a recebem e não apenas para os futuros. A emenda contava com o apoio (e co-autoria) de 32 deputados e poderia ter sido aprovada se seis deles não tivessem viajado para suas bases. Os 27 votos favoráveis foram insuficientes para incluí-la na PEC.

A proposta aprovada prevê a supressão do benefício apenas para os futuros mandatários e o preserva para os antigos, de Beto Richa para trás. Durante a sessão, no entanto, o líder da bancada governista, deputado Hussein Bakri, recebeu orientação do Palácio Iguaçu para liberar apoio à emenda. Ele próprio votou a favor.

Já o deputado Anibelli Neto (MDB) votou também a favor, mas por um declarado motivo: ele pretendia atingir o aposentado ex-governador Roberto Requião, a quem a família Anibelli sempre foi fiel. Ele e seu pai (o ex-deputado Antonio Anibelli Filho), quadros tradicionais do MDB, já não guardam a mesma simpatia desde que foram “rifados” em arranjos político-eleitorais conduzidos por Requião, então presidente estadual do partido, em passado recente.

Já os ausentes não podem justificar a falta alegando que precisavam viajar para Maringá, onde o governo se instalou nesta quarta-feira (15) em razão da Expoingá. Cada um dos que não votaram não tem base política em Maringá e tomaram outros destinos – o que leva à suposição de que teriam se arrependido do apoio inicial que deram à emenda que acabava com as aposentadorias já vigentes.

1 COMENTÁRIO

  1. O Estado do Paraná tem sido vítima de um clube de amigos, difuso nas estruturas e que é capaz de sustentar nos poderes agenciadores de interesses privados.

    Prevalecem remunerações absurdas – jetons, comissões, gratificações, etc – de muitos donos de posições estratégicas que, sem nenhuma cerimônia, afrontam o interesse público e a moralidade. Há instituições que, conforme a conveniência agem como se públicas e ao contrário se não convém mesmo contrariando o interesse público.

    Quem paga o indevido ou o injusto deveria responder judicialmente.

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