O jornalista Élio Gaspari (foto), autor da mais completa e documentada série sobre os ciclos da ditadura militar do país – de Castello Branco a Figueiredo – fala com autoridade quando percebe que a desordem chega outra vez à caserna. Gaspari herdou uma montanha de documentos guardados por seu amigo Golbery do Couto e Silva, o estrategista e eminência parda do regime, para escrever os extraordinários cinco volumes sobre a ditadura. Hoje, em sua coluna na Folha de S.Paulo, ele recorre ao passado para observar o presente. Leia os dois parágrafos iniciais da coluna:
No próximo dia 12, completam-se 40 anos da manhã em que o presidente Ernesto Geisel convocou ao palácio do Planalto o então ministro do Exército, general Sylvio Frota, e demitiu-o. Encerrava-se assim um período de 23 anos pontilhado por lances de anarquia militar. Geisel restabeleceu o poder do presidente da República sobre os generais. Durante 40 anos, com uns poucos solavancos, essa ordem foi respeitada. Coube a Michel Temer o papel trágico (e algo ridículo) de presidir o ressurgimento de surtos de anarquia militar.
O pronunciamento do general Antonio Mourão e a forma como ele foi absorvido pelo governo expuseram um renascimento da desordem. Há dois anos, durante o governo de Dilma Rousseff, o mesmo general falou de política e perdeu o Comando Sul, a mais poderosa guarnição do país. Dilma agiu, Temer piscou. Mourão passou incólume e recebeu até um elogio pessoal de seu comandante.
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