Vereadores criticam restrições e cobram explicação da prefeitura de Curitiba

 “No meio da pandemia, aparecem especialistas em vacinas, em horários de funcionamento, de todo tipo. E palpiteiros também”, reagiu Pier Petruzziello (PTB), nessa quarta-feira (19), após oito vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) criticarem, em plenário, as novas restrições impostas na  terça-feira (18) pelo Executivo, proibindo, por exemplo, os mercados de abrirem ao atendimento externo aos sábados e domingos. Petruzziello é o líder do prefeito Rafael Greca na CMC.

Com manifestações em plenário pela convocação da secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, para que dê explicações sobre o embasamento das medidas ao Legislativo, Petruzziello apenas informou que isso já acontecerá na semana que vem. “Não há necessidade do grito, nem das assinaturas [para convocação]. A secretária estará aqui [na terça-feira, 25] e vocês poderão fazer esses questionamentos. Nesse momento de guerra [contra o vírus], a gente precisa ter equilíbrio e tranquilidade”, disse o vereador.

Antes dessa reação, já no início da sessão, Amália Tortato (Novo) tinha reclamado da Prefeitura de Curitiba decretar “uma bandeira laranja por fora, mas vermelha por dentro, com novas restrições ao comércio, de horários e de dias”. “A lei federal que embasa as medidas restritivas traz, no artigo 3º, que elas só poderão ser determinadas com base em evidências científicas, [e deverão ser] limitadas, no tempo e no espaço, ao mínimo necessário para a preservação da saúde pública. O que temos visto são medidas autoritárias e arbitrárias. Onde está o embasamento científico das decisões da prefeitura?”, cobrou a parlamentar.

Uma das vozes na CMC pela volta às aulas, Amália Tortato anunciou estar à frente de uma frente nacional a favor do ensino presencial. “Nós vamos recorrer à pressão popular. O que estamos fazendo com as nossas crianças é criminoso e a Câmara não pode se calar diante desta situação”, continuou. As palavras ecoaram na manifestação de Indiara Barbosa, do Novo, para quem decretos “tão restritivos” apenas “causam indignação na população em vez de gerar mais comprometimento [com as medidas sanitárias]”.

“Os decretos precisam ser mais bem elaborados”, acusou Alexandre Leprevost (SD), que vê nos documentos decisões unilaterais da Secretaria da Saúde, tomadas sem estabelecer diálogo com a Câmara Municipal e com os segmentos da sociedade. “Mercados deveriam funcionar 24 horas e não ter o horário limitado, pois restringir o delivery às 21h gera aglomeração entre os motoqueiros [entregadores] e acidentes, pois eles têm pressa [por causa do horário]. É de deixar qualquer um indignado”, completou.

A exemplo de segunda-feira, a Prefeitura de Curitiba foi criticada pelo evento de lançamento do Memorial Paranista e do Jardim de Esculturas, no parque São Lourenço. “O prefeito fez um exemplo com aglomeração”, afirmou Éder Borges (PSD), queixando-se do tratamento destinado aos donos de bares, submetidos a fiscalizações “violentas” da AIFU. Para Ezequias Barros (PMB), restringir o comércio aos sábados e domingos apenas fará as pessoas buscarem compras nas cidades do entorno. “Os curitibanos irão nos mercados da região metropolitana e podem trazer a doença”, disse.

Dalton Borba (PDT) afirmou ter ficado “surpreso” e “pasmo” com o fechamento do comércio aos sábados, citando como exemplo os mercados. “Acredito que não houve nem estudo estatístico para isso. A lotação que havia [nos mercados no final de semana] recairá nos dias de semana”, declarou o vereador, que vê no novo decreto “total desencontro com a realidade que vivemos no nosso município”. “Que tipo de assessoria a secretaria da Saúde tem para tomar essas medidas? Talvez esteja na hora de trocar”, colocou Borba, pedindo que o Executivo explique “como estão tomando as decisões”.

“O decreto é de responsabilidade do prefeito, é ato do chefe do Poder Executivo. Eu não vou terceirizar, o absurdo tem nome e sobrenome: Rafael Greca. Não é Márcia Huçulak, pois se o prefeito discorda, diz que ‘isso não’. O prefeito deve explicações”, afirmou Denian Couto (Podemos). Referindo-se às falas que o antecederam, disse que se não há diálogo, está à disposição da Câmara Municipal o dispositivo regimental da convocação dos secretários, para que deem explicações em plenário.

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