Para políticos brasileiros que se ofendem com críticas e comentários de que não gostam publicados nos jornais e sites de notícias, é importante observar como a grande imprensa americana trata o presidente do país, Donald Trump. Nesta quarta-feira, por exemplo, o USA Today afirmou em editorial que ele “não serve nem para limpar os banheiros da Casa Branca”.
Em suas páginas de opinião, a grande imprensa brasileira não chega a tratar assim os políticos que temos. Embora boa parte deles mereça.
Os maiores jornais americanos, como os respeitáveis New York Times e o Washington Post dedicam-se com persistência e contundência diária – ou minuto a minuto em suas versões on line – a questionar todas as afirmações mentirosas, os comportamentos inadequados, as opiniões desastradas e a forma bizarra com que trata assuntos relevantes como relações internacionais, meio ambiente ou política interna.
USA Today detona Trump: “não serve nem para limpar banheiro”
Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacar uma senadora democrata pelo Twitter, o “USA Today”, um dos maiores jornais dos estados Unidos, publicou um editorial fulminante contra o republicano. No texto, o jornal afirmou que Trump não serve nem para limpar os banheiros da biblioteca presidencial de seu antecessor Barack Obama ou engraxar os sapatos do também ex-presidente George W. Bush. O editorial ainda enumera o que considera como transgressões do chefe de Estado, incluindo o seu apoio ao candidato a senador no Alabama envolvido em escândalos sexuais, Roy Moore, além de afirmações falsas e enganosas.
Trump disse no Twitter na terça-feira que a senadora democrata Kirsten Gillibrand, descrita por ele como “peso-pena” foi ao seu escritório “mendigando contribuições para sua campanha” e sugeriu que a legisladora “faria qualquer coisa” para conseguir esses fundos. Gillibrand foi uma das líderes do pedido de renúncia de Trump e a primeira a pedir a saída do democrata Al Franken, acusado de abuso sexual.
“Com seu último tuíte, que insinua claramente que uma senadora dos Estados Unidos faria favores sexuais para conseguir fundos para sua campanha, o presidente Trump mostra que não é apto para o cargo. O baixo nível não é impedimento para um presidente que sempre pode encontrar uma forma para descer ainda mais”, disse o editorial. “Um presidente que chama a senadora Kirsten Gillibrand de prostituta não serve nem para limpar os banheiros da biblioteca presidencial de Barack Obama ou engraxar os sapatos de George W. Bush.
A imprensa, ou a mídia, digamos, é um poder na América do Norte, já destituiu presidente; aqui entre nós, ao invés, a impressão é de que faz parte do poder, qualquer que seja ele na ocasião. As exceções existem, ainda que restritas, mas não vão além de limites convenientes. As análises quase não existem e fatos contundentes e gravíssimos não tem faltado. A verificação é simples: basta ler os jornais ou assistir os noticiários do dia – a mesmice impera; os âncoras, já poucos, coram de vergonha ao dizerem uma palavrinha mais forte contra alguma seleta malversação dos governos e elas tem sido legiões.