Vai ganhar quem melhor representar a indignação do eleitor

O eleitor brasileiro está mais indignado do que nunca com os políticos brasileiros e dará mais trabalho para ser convencido pelos candidatos naquela que se apresenta como a eleição mais indefinida da história do país. A constatação é do diretor do Datafolha, Mauro Paulino. Para ele, a economia deve perder o posto de principal preocupação do eleitorado, durante o processo eleitoral, para a segurança pública e a saúde, o que poderá dar um tom mais emocional à campanha.

Para ele, tende a vencer a eleição o candidato que souber catalisar a indignação do eleitor. “Existe uma indignação que não está nas ruas, também por conta dessa nova forma de se manifestar via internet, mas há uma indignação clara e é preciso que os candidatos estejam sintonizados com isso. Aquele que conseguir personificar a indignação terá mais chance.”

“Todos os candidatos terão de enfrentar rejeição inédita e recorde à prática política. Dois terços do eleitorado não têm partido de preferência. A maioria absoluta da população não se sente representada pela oferta de partidos que existe hoje. Essa rejeição terá de ser enfrentada por todos. Qualquer político que apareça no horário eleitoral, num debate ou entrevista será visto inicialmente com desconfiança”, considera Paulino.

Em entrevista ao Congresso em Foco  (leia a íntegra aqui), o diretor do Datafolha ressalta que Lula, mesmo eventualmente fora da disputa, será protagonista da eleição e que Jair Bolsonaro (PSL-RJ), líder nas pesquisas em que o petista não aparece, não tem cadeira cativa no segundo turno. O cenário para a rodada final do jogo eleitoral está todo em aberto caso Lula seja mesmo barrado, afirma. Nessa disputa, quem tem poucos recursos e tempo de TV, como Marina (Rede) e Bolsonaro, terá de correr por fora.

“O acesso a poucos recursos dificulta muito. Em 1989, quando Collor se elegeu, o horário eleitoral era diferente, ele tinha bastante tempo na TV. A TV vai continuar, ainda neste ano, sendo definidora. Mas há a força das redes sociais, da atuação na internet, que é uma incógnita e que, ainda, pode elevar algum candidato que consiga trafegar bem nesse meio”, diz.

Mauro Paulino também vê o presidente Michel Temer (MDB), cujos aliados têm ensaiado uma pré-candidatura, como figura inviável. Presidente com maior índice de rejeição da história do país desde a redemocratização, Temer pode ainda contaminar um eventual candidato governista, observa.

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