“Um movimento natural do mercado”. É assim que diversas instituições privadas de ensino superior de Curitiba explicam a demissão de professores e coordenadores de cursos ocorrida no fim do primeiro semestre de 2020. De acordo com professores, alunos e representantes do o Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes), as demissões são fruto do fortalecimento do Ensino a Distância (EaD), sistema que diminui a necessidade de mão de obra docente.
Contabilizar as demissões, todavia, tem sido um desafio para o Sinpes.É que a Reforma Trabalhista de 2017 retirou a obrigatoriedade de que as rescisões contratuais sejam feitas nos sindicatos. Os dados disponíveis são os que foram repassados ao Sinpes pelos próprios professores, pelos membros da diretoria do sindicato que atuam em universidades e também por alunos que atuam em diretórios e centros acadêmicos. O quadro das demissões e mudanças, segundo o Sinpes, é o seguinte:
Universidade Positivo
Adquirida pela Cruzeiro do Sul Educacional no fimde 2019, a Universidade Positivo (UP) passa por reformulações em sua matriz curricular e tem protagonizado demissões ao final deste primeiro semestre letivo. Informações repassadas ao Sinpes dão conta de que dez coordenadores de cursos foram demitidos, além de diversos professores. As mudanças da Cruzeiro do Sul incluem o fim de projetos de pesquisa e extensão (nos quais atuavam muitos docentes), a mudança dos Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs) e uma matriz curricular que aumenta a carga horária na modalidade EAD.
Com isso, alunos que cursam o modelo presencial, terão parte dos cursos transferidos para EaD e não haverá aulas todos os dias da semana. As mudanças e as despedidas têm preocupado também os estudantes, acadêmicos da UP têm se manifestado por meio de notas e também está programada uma manifestação em frente à instituição neste sábado (11) às 15 horas.
Unicuritiba
Outra instituição que foi comprada por um grande grupo educacional é o Unicuritiba. No final de 2019, os donos do Ânima adquiriam a tradicional faculdade. Os anúncios de mudanças na matriz curricular, que também diminuem a carga horária em diversos cursos, pegou os alunos de surpresa. Além disso, o Unicuritiba divulgou entre os professores, no dia 10 de junho último (véspera de um feriado de fim de semana), um edital para seleção de professores para concessão do Regime de Trabalho TI e TP. Julgando o edital impreciso, os professores discutiram entre si e, seguindo uma orientação do coordenador-geral da Graduação, elaboraram uma lista de dúvidas para ser entregue à Reitoria. As questões foram encaminhadas no sábado, ao coordenador -geral, que se incumbiu de repassá-las à Reitoria. O novo edital trazia mudanças como redução de carga horária e consequentes demissões. Depois de uma assembleia realizada no dia 18 de junho, os docentes do Unicuritiba aprovaram o Sinpes como intermediador de um novo edital com o Grupo Ânima. De lá pra cá foram duas audiências no Ministério Público do Trabalho entre Sinpes e Grupo Ânima, que cancelou o edital de seleção de professores e se comprometeu a elaborar outro com a participação do sindicato.
Unibrasil
O Centro Universitário Unibrasil foi outra instituição oficiada pelo Sinpes para que divulgasse o número exato de demitidos nas últimas semanas. Informações repassadas ao sindicato dão conta de que 11 docentes teriam sido demitidos na instituição, seis deles apenas no curso de Direito.
Uninter
No Uninter também estariam ocorrendo demissões desde meados de 2019. Segundo professores da instituição, apenas durante a pandemia sete foram demitidos da Escola de Educação. Somam-se também desligamentos em outras escolas, como Saúde e Administração. Além de demissões no corpo docente, a instituição teria despedido funcionários de diversas áreas em vários polos.
Professores do Uninter reclamam, ainda, da redução de carga horária,o que diminui salários e prejudica a qualidade do ensino.