Truque de Bolsonaro era para “esquecer” mortes antigas

A mudança na forma como o Ministério da Saúde passou a divulgar dados sobre a covid-19 ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro determinar que o número de mortes ficasse sempre abaixo de mil por dia. A ordem foi repassada ao ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, que entregou a demanda à sua equipe, segundo revelou nesta tarde de segunda-feira (8) uma reportagem do Estadão.

Para se enquadrar no limite imposto pelo chefe do Executivo, a solução foi separar óbitos ocorridos nas últimas 24 horas das que haviam ocorrido em dias anteriores, mas só confirmadas naquele período.  Até a semana passada, o Ministério da Saúde somava todas as mortes registradas em um mesmo dia, independentemente de quando ela havia ocorrido.

A estratégia do Palácio do Planalto é uma tentativa de demonstrar que não há uma escalada da doença fora de controle e, ao mesmo tempo, apontar que há um exagero da imprensa. A ideia de Bolsonaro é mostrar que o número de mortes nunca esteve acima de mil por dia, mas apenas a consolidação dos dados de pacientes que morreram em datas anteriores. O Brasil tem 37.312 óbitos e 685.427 casos confirmados da covid-19. É o segundo país em número de contaminados, e o terceiro em mortes.

A ginástica na forma como trata os dados foi sugerida em um vídeo do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e defensor de Bolsonaro, no qual diz “não condizer com a realidade” informar que mais de mil mortes pela covid-19 foram confirmadas num único dia. A publicação do apoiador do governo foi enviada pelo secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco Filho, para a sua equipe. A distribuição do vídeo foi noticiada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pelo Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. Eu nem estou acreditando nesse cenário, porque se for verdade o Procurador Geral da República vai ter que agir para eliminar a fonte dessas barbaridades!!!

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