A delegação dos EUA surpreendeu a comunidade internacional em uma reunião da Assembleia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao condenar uma resolução de incentivo à amamentação. O posicionamento americano foi contrário ao recomendado por estudos científicos e atendia aos interesses dos fabricantes de fórmulas infantis. Os diplomatas do país ainda ameaçaram impor sanções comerciais às nações que apoiassem a medida.
O texto apresentado na Assembleia baseou-se em décadas de pesquisa e concluiu que o leite materno é mais saudável para as crianças menores. Por isso, recomendava-se que os governos limitassem o marketing impreciso ou enganoso de métodos substitutivos da amamentação.
As autoridades americanas tentaram tirar a recomendação do texto final da resolução, assim como um trecho que pedia aos governos para “proteger, promover e apoiar a amamentação”. O esforço, porém, não foi bem-sucedido.
A estratégia seguinte, então, foi recorrer a ameaças. Washington dissuadiu o Equador, autor da medida, a apresentá-la, afirmando que, se o fizesse, seria alvo de sanções comerciais e perderia ajuda militar. O mesmo recurso foi aplicado a outras nações da África e da América Latina. As discussões sobre a resolução acabaram sendo conduzidas por iniciativa da Rússia, que fez os americanos desistirem das intimidações.