Sem foro, sem proteção

(por Ruth Bolognese) – Um detalhe da fala do procurador-geral Ivonei Sfoggia sobre Beto Richa, divulgada aqui no Contraponto, confirma um dos motivos pelos quais a decisão de deixar o governo é tão complicada para o governador: ao passar o cargo, ele se torna um cidadão comum nos próximos 9 meses. Isso se ganhar a eleição para o Senado.

Há que se lembrar que o próprio Ivonir Sfoggia, como procurador-geral, fez o que pôde, durante mais de um ano, para não notificar o governador para se explicar pelas denúncias segundo as quais ele tinha conhecimento do desvio de mais de R$ 20 milhões das escolas publicas paranaenses e que tais recursos teriam irrigado a campanha para a reeleição de 2014.

E fez até o que não pode: afastou o promotor Carlos Alberto Choinski, responsável pelas investigações, quando a situação se tornou insustentável, por conta das citações do nome do governador na delação do empresário Eduardo Lopes de Souza, na Operação Quadro Negro.

Ao perder o foro privilegiado, que lhe dá a condição de governador, Beto Richa fica exposto. Poderia, em tese, ser chamado a se explicar por iniciativa do Ministério Público Estadual, a qualquer momento, por qualquer promotor.

No comentário do procurador geral, Beto Richa teria falado sobre essa preocupação, tema que jamais tocou publicamente. Ao contrário, sempre disse que recebia com tranquilidade as informações divulgadas pela imprensa sobre o envolvimento direto do nome dele porque, além de ter culpa, foi dele a iniciativa de promover as investigações que desembocaram na Operação Quadro Negro.

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