(por Ruth Bolognese) – Depois da primeira delação, já homologada, do dono da Construtora Valor, Eduardo Souza Lopes, que revelou o esquema da Operação Quadro Negro e apontou todos os nomes envolvidos, o governador Beto Richa entre eles, a segunda delação, tão importante quanto, se efetivou. Mais emblemática do que a primeira, por atingir o coração do poder ora ocupante do Palácio Iguaçu, essa segunda delação aconteceu, apesar da força-tarefa montada pelo governo Beto Richa. O objetivo é abafar as próximas etapas das investigações sobre o desvio de dinheiro público destinado a reformas e construção de escolas diretamente para a campanha da reeleição.
A segunda delação não foi impedida pela força-tarefa de Beto Richa simplesmente porque não precisa e nem é suscetível ao argumento que os palacianos têm a oferecer: recursos, e altos. E foi feita sob pressão familiar.
Mesmo que venha a cair como uma bomba de alto poder destrutivo no Palácio Iguaçu, a segunda delação não vai interromper os trabalhos da força-tarefa para abafar a Operação Quadro Negro.
Atualmente, a “operação abafa” conta com três financiadores, dois de uma comunidade de altíssimo cacife econômico no Paraná, tradicional doadora de campanhas eleitorais, e um terceiro, ligado ao setor de transportes, da mesma tradição doadora. É o braço financeiro de um grupo que tem trabalhado ininterruptamente nos últimos dias para contatar todos os investigados, dentro e fora do Paraná.
Promete um amplo guarda-chuva que irá proteger desde a cúpula do governo Richa, apontada pelo Ministério Público como a principal beneficiada pela fraude, até os participantes civis, digamos assim, aqueles que, de fora, como a Construtora Valor, fizeram o caminho das pedras na liberação dos recursos públicos.
Nos dias que seguem, a núcleo do poder no Paraná se divide entre o “vazamento” dos detalhes da segunda delação-bomba feita ao Ministério Público e a possibilidade, vaga, de êxito da força-tarefa para abafar o escândalo. E a se confirmar, para as próximas horas, a soltura do ex-funcionário público da Fundepar, Maurício Fanini, por conta de equívocos judiciais, é mais uma notícia ruim. Ele já entregou para o MP o nome de muita gente. E, solto, pode tagarelar ainda mais.
Deviam ser todos absolvidos. Afinal, pra que escolas num país que escolheu ser apenas um fornecedor de matéria prima?