“Revolta da Vaccina” retrata 1904 e compara com a pandemia de 2020

A situação do combate ao Covid-19 no Brasil e as patuscadas federais em relação à imunização da população, agravados pelo negacionismo bolsonarista, trazem comparações inevitáveis com a Revolta da Vacina de 1904, quando Oswaldo Cruz tentaria pôr fim a um surto de varíola inoculando toda a população. Mas há uma diferença crucial: à época, quem lutava pela vacinação em massa era o próprio governo; oposição e boa parte da imprensa que era contrária acabaram desinformando e incitando o povo.

revoltaO temrevoltaa é abordado pelo experiente jornalista Eduardo Aguiar – ex-Chefe de Redação da Gazeta do Povo – num e-book lançado pela Zelig, uma criadora de conteúdos que fundou em 2016 e que, entre outros trabalhos, realizou a pesquisa histórica que rendeu o livro “Cem Anos de um hospital de crianças”, sobre o centenário do Hospital Pequeno Príncipe, lançado em 2020. “Revolta da Vaccina” é seu primeiro e-book, que pode ser acessado através do link http://zelig.digital/2021/01/revolta-da-vacina-quando-o-positivismo-virou-negacionismo/.

A obrigatoriedade deu um nó na cabeça dos positivistas, que se voltaram justo contra a ciência. Oswaldo Cruz, hoje elevado a patrono da saúde pública nacional, era enxovalhado diariamente nos jornais e precisou ser laureado na Europa, anos depois, para apenas então receber reconhecimento do povo e da imprensa.

Muito já se escreveu sobre a Reforma da Vacina e suas implicações, mas ao se folhear os jornais da capital federal do ano de 1904 é possível acompanhar os bastidores políticos que resultaram em batalha, sentir o frescor das notícias, o calor dos bate-bocas, o pavor espalhado pelas ruas da cidade em meio ao caos, e até mesmo se colocar na pele de um cidadão carioca do começo do Séc. XX, obrigado a fazer dois a três cortes na parte superior do braço com uma lanceta de metal para inocular um líquido obtido a partir de pústulas de feridas de vacas doentes – e que muitos médicos diziam ser nociva. É possível, enfim, enxergar com outros olhos.

Para chegar o mais próximo possível dessa realidade, Aguiar consultou na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional mais de 300 edições de nove diferentes títulos de jornais que circulavam na capital federal em 1904, além de outras fontes, como a Casa de Oswaldo CruzO resultado é uma seleção de 60 cartuns, acompanhados de reportagens e declarações, compilados neste e-book que revela os bastidores políticos e ajuda a entender o que ocorre hoje no Brasil.

 

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