O deputado Requião Filho (PMDB), em discurso da tribuna da Assembleia, pediu ao Ministério Público que investigue se houve favorecimento na liberação de financiamentos para a pavimentação de uma estrada entre São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande, à margem da qual foram implantados vários empreendimentos imobiliários do empresário Jorge Atherino, o Grego, seu amigo pessoal.
O deputado não desconhece a importância da obra para os dois municípios. Mas não é este o foco da questão, enfatizou. A dúvida, lembrou Requião Filho, é que o caso se assemelha a outro empreendimento do mesmo empresário na implantação de um estacionamento em área de Mata Atlântica, próximo a Paranaguá, com autorização do órgão ambiental (IAP) concedida à empresa Green Logística um mês antes de o governador criar o Eixo Modal permitindo instalações do tipo na região.
Por conta deste caso, corre inquérito autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque os ministérios públicos Estadual e Federal identificaram supostos interesses societários da família Richa com o conglomerado de empresas de Jorge Atherino, todas com o nome Green.
Os investimentos imobiliários ao longo da estrada financiada pelo BRDE também levam a logomarca da Green.
Já o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli, repudiou o discurso de Requião Filho, que se baseou em notas publicadas por este Contraponto nesta segunda-feira. Romanelli insinuou que os jornalistas Celso Nascimento (que edita este site) e Ruth Bolognese, que apurou a matéria, podem estar sujeitos a processos judiciais.
O fato de buscar a verdade e esclarecer fatos deixam pessoas atordoadas, quem não deve não teme, e ainda por cima ameaçar em processar. É dever do deputado estadual como legislador e fiscal, acima de tudo representante do povo, exigir total transparência. Cadê o estado de direito, o repudio a investigação chega a se comparar com os que querem acabar com a lava jato e criticam os que tentam salvaguardar respeito ao interesse público. Parabéns, deputado Requião Filho por não se intimidar e, agir dentro dos preceitos que o cargo lhe impõe. Assim como a imprensa trouxe a público, algo que nenhuma sociedade séria aceitaria, por muito menos, confirmado os fatos, haveria penalizações gravíssimas. Nós brasileiros sentimos envergonhados ao ouvir uma ministra do Estado Germânico, pronunciar que nossas leis protegem a casta dominante. Vamos aguardar o desfecho de mais uma triste história ou, melhor a rotina dos que governam o terceiro mundo.