O Refúgio Biológico Bela Vista da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, foi escolhido para sediar uma pesquisa internacional inédita sobre a criopreservação de sêmen e reprodução assistida de harpias (Harpia harpyja) por meio de inseminação artificial. O resultado poderá mudar completamente a perspectiva de conservação da espécie em cativeiro e também na natureza.
O responsável pela pesquisa é o médico veterinário Dominik Fischer, professor da Universidade Justus Liebig Giessen e também parceiro de projetos no Zoológico de Nuremberg, ambas as instituições localizadas na Alemanha. Fischer chegou ao Brasil no dia 13 de novembro e fica até sábado (14).
O Refúgio foi escolhido por abrigar o maior plantel de harpias em cativeiro do planeta. “Além dos espécimes, encontrei aqui a infraestrutura ideal para desenvolver o trabalho, desde equipamentos até espaço e, também, o apoio da equipe”, disse o pesquisador.
O projeto consiste basicamente de coleta, análise, diluição e preparação do sêmen, tanto para refrigeração como para criopreservação. Os resultados foram satisfatórios até o momento – das 12 harpias machos sexualmente maduras submetidas à coleta, dez apresentaram sêmen.
Foi feita, também, a inseminação de uma fêmea que estava em período fértil. No dia 9 de dezembro, ela fez a postura de um ovo que pode estar fertilizado com o sêmen do macho doador. O próximo passo é aguardar o resultado da incubação e, se houver o nascimento de filhote, serão realizados testes genéticos de paternidade para saber se a inseminação artificial teve sucesso.
Um exemplo prático do uso dessas técnicas de reprodução assistida é a facilidade na troca de material genético entre populações, sem que seja necessário transportar animais de uma região para outra. “Também será possível escolher os melhores espécimes para a reprodução”, completou o biólogo Marcos José de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu e mestre em Zoologia pela UFPR com uma pesquisa sobre o manejo reprodutivo de harpia em cativeiro.
A manutenção da biodiversidade regional, uma das preocupações do Refúgio Biológico, faz parte da missão ampliada da Itaipu. A diversidade natural de espécies presta importante serviço ecossistêmico, o que repercute na conservação das áreas protegidas, na qualidade da água e, no caso da Itaipu, na longevidade do reservatório. (Informações da Itaipu).