Na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) há pelo menos três opiniões diferentes sobre como a cidade deve ser portar, no ano que vem, em relação às festas de Carnaval em 2022. A polêmica se instalou no plenário na última terça-feira (14), quando, na votação dos requerimentos da segunda parte da Ordem do Dia, o plenário aprovou duas sugestões ao Executivo aparentemente divergentes. Da discussão entre os vereadores, outra corrente de opinião surgiu, enriquecendo o debate.
Apoiado nos bons números da vacinação em Curitiba, Alexandre Leprevost (Solidariedade) defende a realização dos desfiles de rua. Considerando a dúvida quanto à variante ômicron do coronavírus, o vereador Jornalista Márcio Barros (PSD) sugeriu que as escolas fizessem exibições no modelo drive thru, por haver mais controle do público. Já Ezequias Barros (PMB) protocolou pedido para cancelar o Carnaval de Curitiba em 2022.
A polêmica começou quando foi colocado para votação uma sugestão de Márcio Barros à Prefeitura de Curitiba, buscando um meio termo entre a liberação do Carnaval e o seu cancelamento. Na indicação, o vereador sugere que, com base na experiência exitosa do Natal, as escolas de samba da capital adotassem o modelo drive thru para apresentarem seus sambas-enredo e alegorias.
“A ideia é disponibilizar uma forma de participação segura da população, sem um possível cancelamento total que agravaria a situação econômica de todo o setor de comércio e serviços envolvidos”, explicou Barros, na justificativa. Em plenário, o parlamentar destacou que atividades mais controladas, como o Gabaon e o CarnaRock, poderiam ser mantidos, desde que com a adoção de cuidados.
O vereador Alexandre Leprevost contestou a proposta, argumentando que não há tempo hábil, faltando dois meses para a festa, para viabilizar um drive thru de Carnaval. “Ficou inviável”, disse, afirmando que frequenta as escolas de samba da capital e que, diante desse impasse sobre 2022, “elas estão sem norte”. “A partir do momento que temos estádios de futebol lotados não podemos, com atitudes precipitadas e midiáticas, atrapalhar todo um segmento”, argumentou.
“As escolas de samba de Curitiba envolvem muita gente e, se não são iguais às do Rio de Janeiro, é por não terem o incentivo necessário. O nosso Carnaval é menor, mas é maravilhoso. Quem frequenta a avenida Cândido de Abreu no Carnaval sabe do que estou falando. Não podemos desmerecer, temos que fortalecer o Carnaval, pois gera emprego e renda para o município. Curitiba tem uma estrutura maravilhosa para receber turistas. Estamos com a pandemia controlada e a vacinação é um sucesso na nossa cidade”, divergiu Leprevost.
Depois que a sugestão do drive thru foi aprovada em votação simbólica, por se tratar de uma indicação ao Executivo, outra proposição foi submetida ao plenário e, apesar de três votos em contrário, foi igualmente aprovada pelo plenário da CMC. Trata-se da sugestão feita por Ezequias Barros (PMB) para que seja cancelado o Carnaval em Curitiba no ano que vem.
“É notório o movimento de uma quarta onda [da covid-19] na Europa, e, para evitar que se repita o fechamento do comércio local em decorrência de uma festa de mero entretenimento, o mais adequado é repensar e solicitar que a Prefeitura de Curitiba cancele o carnaval local, bem como [que ela] defenda a [mesma] postura com os municípios da região metropolitana e do litoral”, diz a justificativa da indicação apresentada por Ezequias Barros. Ambas as iniciativas serão enviadas ao Executivo.
As votações sinalizam que o tema pode dar a tônica das primeiras sessões plenárias de 2022, em fevereiro, após o recesso parlamentar, que acontecerão um mês antes da data do Carnaval. Apesar de não serem impositivas, as indicações aprovadas na CMC são uma das principais formas de pressão do Legislativo sobre a Prefeitura de Curitiba, pois são manifestações oficiais dos representantes eleitos pela população para representá-los e são submetidas ao plenário, que tem poder para recusá-las ou endossá-las.