(por Ruth Bolognese) – A cúpula do governo Beto Richa, apontada como beneficiária do desvio de R$ 20 milhões do dinheiro necessário para reformas e construção de escolas, nunca deu nenhum sinal de preocupação com a Operação Quadro Negro do Ministério Público do Paraná, que investiga o caso.
Ao contrário. Os quatro homens mais poderosos do Paraná – o governador Beto Richa, o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, o presidente da Assembléia, Ademar Traiano e o primeiro secretário da Casa, Plauto Miró Guimarães – conduzem a vida como se não houvesse amanhã.
Segundo as investigações do Ministério Público Estadual e a delação do empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora, os quatro teriam montado o esquema do desvio e foram por ele beneficiados.
E a verdade é que eles têm razão em não dar a mínima. Mesmo com as evidências, as decisões tomadas pelo Ministério Público Estadual, e agora também o Federal, indicam que todos eles vão emplacar 2018, participar das eleições, ganhar os votos e, se vitoriosos, tomarão posse sem ser incomodados.
A boa notícia de hoje para os quatro poderosos foi a suspensão, feita pela Procuradora Geral, Raquel Dodge, da delação premiada do ex-diretor da Fundepar, Maurício Fanini. O motivo da suspensão foi publicação de uma reportagem do jornal “O Globo” onde se revelou que Fanini recebia R$ 12 mil mensais para ficar calado e a mesada era entregue por um enviado do governador Beto Richa. A Procuradora Geral quer acabar com os vazamentos de delações, hábito cultivado pelo antecessor, Rodrigo Janot.
Mas a tranquilidade da cúpula do Governo já estava assegurada há mais de mês, quando o principal responsável pelas investigações da Operação Quadro Negro, promotor Carlos Alberto Choinski, simplesmente foi afastado das funções. Ele estava esperando há um ano e meio que o pedido para notificar dois dos poderosos do Governo fosse atentido pelo Procurador Geral do MP-PR, Ivonei Sfoggia. Nada aconteceu e o promotor, transferido.
As investigações da Operação Quadro continuam. Agora, se estendem por mais 13 cidades e 18 escolas, segundo o MP PR, através do Gepatria, um grupo formado para analisar os danos causados ao patrimônio público. E, paralelamente, estão em andamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), por envolverem os nomes do governador Beto Richa e do deputado Federal Valdir Rossoni.
Tudo certo. Como dois e dois são cinco.
Essas aparências de legalidade, cumprimento de leis, devido processo, etc já era conhecida dos romanos; homens práticos, criadores do Direito Romano, fonte universal do Direito Então eles sempre se perguntavam, diante dos fatos: cui prodest ou cui bono ? a quem aproveita ou a quem beneficia. Sim, porque diante desse repentino rigor em apuração de vazamento, fica evidente que estão beneficiando os indiciados. Estes só estão querendo mesmo que tudo vá para as calendas, que os processo demorem, a fim de pularem para outro galho, para outro mandato e manterem o privilégio de foro e se safarem de julgamento. Esses vazamentos já ocorreram inúmeras vezes e nunca se soube quem vazou ou de alguém que tenha sido punido pelo fato. Nesse pais tudo se desvirtua, os safadaços continuam nos seus postos, fazendo e desfazendo, livres, leves e soltos, não importa tenham um punhado de processos nas costas.
A sociedade percebe claramente o ár de paisagem e o descaso que a cúpula poderosa do poder paranaense tem demonstrando diante de graves acusações da operação quadro negro. Realmente são poderosos e estão acima das leis ou existe um elemento surpresa que nós seres normais desconhecemos.