A quem se explica o Procurador Sfoggia?

(por Ruth Bolognese) – A mensagem do Procurador-geral do Ministério Público do Paraná, Ivonei Sfoggia (na foto, à direita), divulgada no final de semana, não tem endereço certo. Deixemos de lado o texto oblíquo, influência da rebuscada linguagem jurídica com a qual ele convive desde os 14 anos como escrivão de cartório no Distrito de Bom Sucesso, comarca de Pato Branco, e vamos ao foco.

Ao garantir que, mesmo com a transferência do promotor Carlos Alberto Choinski do comando das investigações da Operação Quadro Negro, tudo vai continuar com a mesma dedicação e eficiência, está se explicando pra quem?

A continuar no mesmo ritmo, serão mais dez meses de espera para que os quatro principais citados – governador Beto Richa, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano e o primeiro secretário, Plauto Miró Guimarães e o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni – sejam notificados. Esse é o tempo em que o pedido feito pelo promotor Choinski aguarda na mesa do Procurador-Chefe.

Nesse caso, a explicação é para os quatro homens mais poderosos do Paraná, que terão tempo suficiente para saírem ilesos de qualquer suspeição e conquistar novos mandatos eletivos.

Se a explicação do procurador-geral do MP sobre a continuidade das investigações da mesma Operação Quadro Negro na área cível for para a sociedade paranaense, é redundante. O dever constitucional do MP é zelar pelo patrimônio público, resguardá-lo das investidas irregulares e exigir a devolução dos recursos quando o crime se consolida. Choveu no molhado, portanto.

E, finalmente, se a mensagem foi dirigida especificamente para o público interno, pedindo união e apoio e apontando a imprensa como elemento desagregador de tendenciosas matérias jornalísticas, cometeu dois equívocos: o comandante seguro do seu leme não precisa apelar para o S.O.S da tripulação. Apenas a conduz.

E o que chama de tendenciosas matérias jornalistas foi apenas a divulgação da longa carta do promotor Choinski, por si só reveladora e didática da discordância entre a Procuradoria-geral e a equipe que vinha trabalhando na apuração de provas da Operação Quadro Negro.
Ao divulgar sua mensagem, o chefe do Ministério Público do Paraná reprisou o hábito que se instalou entre os poderes da República nos tempos que correm: quando os fatos se sobrepõem de tal maneira que se tornam inexplicáveis, apela-se para uma nota formal . Como dizia meu avô João, lá pelas beiradas de Cambé, “papel branco aceita tudo”. E tela de computador também, Vô.

4 COMENTÁRIOS

  1. Altera a legislação e libera geral a propina. Do guarda de trânsito ao governador. Do garçom ao desembargador. Daí tudo se equilibra e a sociedade não perde tempo com tanta palhaçada.

  2. Pois é, no tempo dos vovós, o constrangimento das pessoas de bem era (no dizer de Rui Barbosa) ver triunfar as nulidades, hoje é ver subsistirem os ímprobos. Esperemos que o auxilio-moradia não se transforme no Paraná em “auxílio-quadrilha” !

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