Embora num primeiro momento Marina Silva seja a maior beneficiária do espólio deixado pela desistência de Joaquim Barbosa de concorrer à Presidência da República, a médio prazo é possível que o ex-governador Geraldo Alckmin lucre mais.
As avaliações das correntes centristas consideravam que Alckmin é que amargava o maior prejuízo com a fugaz entrada em cena do ex-ministro Joaquim Barbosa. Ele era “o novo”, com a vantagem de ser conhecido, notório, depositário do sentimento popular de que o país precisa de um governante austero e diferente de todos os demais que se apresentaram para disputa.
Longe de ser herdeiro dos votos de Lula e das esquerdas e, muito menos, de ser alguém capaz de, no outro extremo, tirar os eleitores da direita representada por Bolsonaro, Joaquim Barbosa incomodava mais o centro – esquadrão numeroso do qual faz parte Geraldo Alckmin, emperrado em índices pífios nas pesquisas. Os tucanos acham que, sem Barbosa, o eleitorado se voltará para os candidatos centristas e, neste caso, para o mais emblemático e conhecido dos “neutros” que estão na corrida.
O que pode atrapalhar o ex-governador paulista é sua aproximação com o grupo Temer e o MDB. Seria a refundação da parceria MDB/PSDB, malvista em razão da rejeição acumulada pelos dois grupos, todos envolvidos nos escândalos mais recentes de corrupção.
O presidenciável Alvaro Dias, que já andou de namoro com o PSB antes da chegada de Joaquim Barbosa ao páreo, vê agora razões para tentar a reaproximação e buscar uma aliança que dê força e viabilidade ao seu ainda esquálido Podemos. Apesar da fragilidade partidária, Alvaro se apresenta nas pesquisas praticamente empatado com Alckmin e Ciro Gomes, muito à frente do pelotão restante. Uma união dos dois partidos, Podemos/PSB, à qual se somaria também o PRB, daria musculatura ao senador paranaense – mais tempo de televisão e fundos eleitoral e partidário.
Geraldão ladrão só tem moral em São Paulo. Não se elege nem f… Seja contra quem for.