Fabrício Queiroz, o ex-assessor de então deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e suspeito de operar um esquema de “rachadinha” dos salários dos servidores do gabinete do agora senador, foi descoberto esta semana pela reportagem da revista Veja enquanto esperava por atendimento no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Sumido desde o início do ano, quando seu nome apareceu como pivô de operações bancárias atípicas envolvendo quantias vultosas e movimentações de dinheiro, inclusive em favor da primeira-dama Michele Bolsonaro, Queiroz continua sendo o personagem central de um escândalo não resolvido e com potencial de revelar supostas relações da primeira família com as milícias que atuam no Rio de Janeiro.
Investigações do Ministério Público Estadual do Rio a partir de dados fornecidos pelo Coaf e Receita Federal geraram a primeira crise moral do governo de Jair Bolsonaro, com repercussões graves que perduram até hoje. Flávio, o filho zero-um do presidente, seria o principal beneficiário do esquema operado por Queiroz e que só pôde respirar mais aliviado quando o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, concedeu liminar, em julho, determinando que dados fiscais coletados por aqueles dois órgãos não poderiam ser compartilhados com o MP e a Polícia Federal sem prévia autorização judicial.
O caso Queiroz é apontado como o principal fator da instabilidade da vinculação do Coaf – saiu da Economia e foi para o ministério da Justiça com a promessa de fortalecer o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, principais objetivos de Sergio Moro. Durou pouco: o Congresso devolveu o Coaf para o ministério da Economia e ali ficou por pouco mais de um mês, quando uma Medida Provisória o transferiu, desidratado, para o Banco Central. E sem seu principal dirigente, um delegado da PF indicado por Moro.
Fabrício Queiroz foi flagrado por Veja na segunda-feira (26) durante uma consulta que fazia no setor de oncologia do Albert Einstein, o hospital em que foi operado de um câncer intestinal no início do ano, última vez em que gravou vídeo sorrindo e dançando ao lado do leito vestindo com um avental hospitalar. Desde então mora no Morumbi, mesmo bairro do hospital, em São Paulo.
Puxa! O ministro Moro deveria substituir o pessoal da PF por repórteres da Veja. São mais eficientes.