O governador Beto Richa precisa ficar mais antenado sobre o comportamento das 11 instâncias pelas quais passam os papeis que levam para ele assinar.
Em sua justificativa para explicar por que, num dia só, assinou seis aditivos em favor da construtora Valor, ele mencionou que foi 12.º e último a saber. Quando chegaram à sua mesa, os aditivos tinham passado por nada menos de 11 instâncias inferiores do governo, por dezenas de funcionários responsáveis pelas verificações necessárias.
Todas estas instâncias deram pareceres favoráveis; nenhum notou qualquer irregularidade. Portanto, ao pegar a caneta para assinar os aditivos, ele tinha certeza de que estava tudo normal, legal.
Como se sabe, não estava. A culpa foi das 11 instâncias inferiores.
Logo, ele, como governador e responsável final por todos os atos de sua administração, deve imediatamente rever os métodos. Não adianta mais acusar o empreiteiro de “bandido”, exonerar, demitir, punir e denunciar funcionários à polícia, aos promotores e tribunais somente bem depois de a vaca ter se afundado no brejo, depois de todos os malfeitos terem sido praticados, depois de as verbas públicas terem sido transformadas em grossas propinas.
O caso da Operação Quadro Negro expôs a fragilidade dos controles do governo. Ou melhor, expôs o descontrole do governo.
A pergunta é: os milhares de atos, incluindo contratos e aditivos, que diz assinar todos os dias, são submetidos ao mesmo tipo de escrutínio falho? Se sim, é de responsabilidade do governador mandar rever os métodos para que ele não tenha – como agora, neste caso – ser constrangido e passar a vergonha de ter de se explicar perante a justiça.