Otimismo do Planalto é para inglês ver

Um deputado paranaense da base do presidente Temer descreve o clima de medo-pânico que toma conta do governo. “Eles tentam disfarçar otimismo, vendem que Janot está desmoralizado e que um nova denúncia não fará nem cócegas no governo”, diz o parlamentar ao Contraponto, acrescentando que é “tudo pra inglês ver”.

Ledo engano: além de temer os efeitos perante a opinião pública da eventual nova denúncia a ser entregue pela PGR ao STF, o governo já não tem tanta certeza de que será capaz de repetir a façanha de barrar o processo na Câmara Federal. Há insatisfação entre os aliados, que não receberam o que lhes foi prometido quando da primeira denúncia e agora só se vendem por preço mais alto e/ou com garantias de cumprimento. Caso contrário, a tendência é deixar que o STF mande prosseguir o inquérito contra o presidente, o que o afastaria do cargo por 180 dias.

Este medo, porém, não é o maior. Medo maior tem nome e endereço: Geddel Vieira Lima, residente na penitenciária da Papuda.

O Planalto observa sinais de que Geddel  – o homem dos R$ 51 milhões escondidos num apartamento – está com o emocional cada vez mais abalado, tomando calmantes e remédios para dormir. A percepção é de que não resistirá por muito tempo à tentação de contar tudo o que sabe ao Ministério Público Federal.

O seu entorno familiar dá também sinais de distanciamento do governo. Um irmão de Geddel, Afrísio, pediu demissão do cargo de tesoureiro da Fundação Ulysses Guimarães, braço do PMDB. E outro irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima, antes lépido na defesa dos interesses do Planalto, agora anda enfurnado no gabinete e pouco se relaciona com os colegas.

 

entourage do Palácio do Planalto tem estranhado o afastamento dos familiares de Geddel Vieira Lima.

Afrísio Filho, irmão de Geddel, pediu em maio o desligamento da Fundação Ulysses Guimarães, onde exercia o cargo de tesoureiro.

O outro irmão, Lúcio Vieira Lima, também anda sumido. Desde que o bunker de Geddel foi descoberto, Lúcio não atende nem telefone.

Para auxiliares de Michel Temer, o afastamento é sinal da intenção de Geddel Vieira Lima de iniciar tratativas para uma delação premiada.

Após ter visto frustrada sua tentativa de garantir o silêncio do doleiro Lúcio Funaro, avaliam auxiliares palacianos, Geddel viu como única alternativa contar o que sabe.

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