Os últimos dois dias de liberdade

(por Ruth Bolognese) – O PT conseguiu o que queria. Os dois últimos dias de liberdade do ex-presidente Lula foram acompanhados ao vivo pelas redes sociais e o Brasil viu seu primeiro presidente ser preso por crime comum, em todos os detalhes. O espetáculo, com direito a missa e discurso do próprio Lula, fez jus à fama do reu.

A partir de agora, com Lula preso numa sala no quinto andar da Polícia Federal em Curitiba, a mobilização dos companheiros fica muito mais difícil, mesmo o PT mantendo a candidatura a presidente, como foi anunciado. Certamente, o candidato-preso não terá a regalia de falar aos eleitores de dentro da cela, mas poderá mandar mensagens através de advogados, o que tira completamente a emoção da campanha.

Como os petistas gostam de comparar, o líder sul-africano Nelson Mandela passou 27 anos na prisão e saiu de lá direto para o cargo de presidente. Aqui, a situação tem diferenças gritantes, com Lula sendo preso por corrupção e um partido cujos líderes principais também foram ou estão na cadeia.

Se a sentença não for anulada antes e se cumprir integralmente a pena, de 12 anos e 1 mês, Lula sairá de Curitiba com 84 anos. Se tiver bom comportamento, pode ficar preso por um sexto da pena (pouco mais de dois anos), mas cumprirá o resto em casa mas com tornozeleira. Um candidato ou presidente com tornozeleira?

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