(por Ruth Bolognese) – Não existe incompetência, muito menos descaso na política. O que move um deputado – e também o mundo – é o interesse.
Prova dessa tese inabalável nos dá o deputado Plauto Miró Guimarães, primeiro secretário da Assembleia Legislativa, sete mandatos nas costas, tradição familiar na política: a reportagem da Gazeta do Povo apontou, nessa semana, um desvio de R$ 4,7 milhões daquela que seria a Escola Estadual Francisco Pires, capacidade de 1.000 alunos, de Ponta Grossa. Hoje, a obra é um esqueleto de tijolos, completamente abandonada.
A construção da escola foi um pedido do deputado Plauto Miró. E enquanto as obras andaram, ele mesmo, pessoalmente, ia fiscalizar o andamento da construção. Passava por lá todo santo mês.
Repentinamente a obra parou e o deputado desapareceu.
Plauto Miró é apontado como beneficiário de R$ 600 mil do dinheiro do desvio de mais de R$ 20 milhões de reformas e construção de escolas, investigado pelo Ministério Público na Operação Quadro Negro. Os recursos públicos, conforme o grupo Gepatria, que investiga os danos ao Patrimônio Público, abasteceram a campanha de reeleição do governador Beto Richa. Tanto o governador como o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano e o deputado Plauto Miró foram citados pelos delatores .
O que quer dizer tudo isso? Muito simples: quando a obra pública interessa diretamente a um político, ele é o mais competente dos fiscais. Exige, cobra agilidade, cumprimento de prazos, etc etc., como fez Plauto Miró. Quando deixa de interessar, ele some.
Funciona assim