(por Ruth Bolognese) – E então reapareceu a Margarita. Discreta na campanha que elegeu Rafael Greca pela segunda vez, foi por ele incensada e alçada ao posto de “Minha Margarita”, o que quer dizer que ela pode tudo: de escolher o prato do dia até contratar os pagens. Também pode olhar feio para o pessoal do baixo escalão e fulminar metade do secretariado com demissão sumária que não acontece nada. Pra ela.
Mas, no segundo mandato, Margarita não assumiu a área social da prefeitura. E, por causa disso, Curitiba perdeu uma de suas manifestações culturais mais expressivas: a visão dos xales de variadas estampas e cores que a então Primeira Dama usava nas visitas aos bairros mais pobres, durante o inverno. Centenas de pessoas, a maioria mulheres com nenê de colo, esperavam horas pra ver Margarita descer da carruagem, quer dizer do carro oficial e, num gesto dramático, levantar a cabeça e ajeitar as dobras do xale sobre os ombros. Inesquecível.
Muita gente atribui a decisão de Margarita em se distanciar da área social a dois motivos. O primeiro é que os moradores de rua, que ela conhecia pelo nome na primeira gestão, casaram, tiveram muitos filhos, se aposentaram. Hoje moram naquela réplica das naus Santa Maria, Pinta e Nina que Rafael mandou construir quando era ministro da Cultura, em homenagem aos 500 anos do Descobrimento, e que nunca zarparam da Bahia.
O segundo motivo é mais complexo: Margarita, ao contrário de Rafael, desenvolveu uma certa culpa por ter traído Jaime Lerner e se entregado ao inimigo mortal, Roberto Requião, mesmo tendo brincado de casinha com ele quando eram crianças. Traumatizou, e como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, os moradores de rua pagaram o pato. Pior, sem a ajuda de Margarita, nem o pato podem pagar.
Quem está vibrando com isso são os servidores da prefeitura. Agora, convivem com Margarita, mais poderosa e mais perigosa, durante todo o expediente. Uma fofa!
Amanhã, Márcia Fruet